Ricardo Lísias é um escritor brasileiro, nasceu em 1975 e estreou na literatura em 1999 com o romance Cobertor de Estrelas. Foi finalista do Jabuti em 2008 e em 2010 ganhou o Prêmio São Paulo de Literatura. Em O céu dos suicidas, livro lançado em 2012 pela Alfaguara, vamos conhecer uma história da vida do escritor, sobre a forte amizade com o seu amigo André, que cometeu suicídio e quase levou o nosso escritor (e personagem narrador) à loucura.

    Então, O céu dos suicidas é uma novela autobiográfica. Um pouco trágica e um pouco cômica. Um pouco sentimental e um pouco egoísta. Revela com muita honestidade o vazio que a morte provoca em quem fica, a saudades de uma amizade, que se mistura em uma linguagem rápida, de frases curtas, em um clima de tensão, porque Ricardo, o personagem, não consegue trabalhar direito, conviver com as pessoas e seguir em frente depois que o seu melhor amigo – tão louco quanto ele (aquela loucura bonita), enforca-se.

    “Ele me contou que estava começando a ler um certo Roberto Bolãno e pediu para irmos a uma livraria. – Claro que sim – respondi, mas depois esquecemos.
    A polícia, quando invadiu o quarto onde ele vivia, encontrou o corpo enforcado ao lado do livro Noturno do Chile, de Roberto Bolaño, ainda dentro da sacola da livraria.”  (p. 104)

    Os capítulos são curtos e aos poucos o leitor compreende toda a história. A princípio fica apenas uma sensação de fragmentos, mas como é uma leitura rápida (é possível ler as 192 páginas em apenas um dia), acontece também uma identificação bonita entre leitor e narrador que, sem piedade de si mesmo, desnuda-se.

    Suicídio nunca será um tema fácil, pois sabemos apenas do que sentimos quando alguém comete essa violência a si mesmo. O que realmente se passa na mente de uma pessoa que deseja tirar a própria vida é assunto da psicologia, da psicanálise, da medicina, e mesmo assim é um tabu, algo obscuro e difícil, pois dizem que o desejo da morte é como necessitar urgente de um imenso alívio, como se respirar causasse tanta dor, tanto medo, tanta agonia, que acontece então o desejo da morte. É como estar dentro de um prédio em chamas, o fogo ali, tão próximo, que o melhor a fazer é pular do prédio.

    Em muitos momentos o leitor pode imaginar que Ricardo também irá decidir pelo fim da sua vida, mas, de alguma forma, ele sobrevive à ausência de seu amigo, porém, o caminho que ele teve que percorrer para chegar a um estado possível de seguir em frente acabou prejudicando muita gente, inclusive a própria família.

    O que torna o livro possível é que o autor misturou o tema suicídio, algo tão difícil e delicado, com um humor típico das pessoas sem paciência; incluiu a culpa como motivo da obra e, o mais bonito: uma busca por sentido, por adequação, por compreensão e redenção.

    Assista o vídeo no canal Livro&Café:

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