— Você lê MESMO histórias para sua filha?
    — Sim. Todas as noites.
    — Mas ela ainda é recém-nascida, não entende nada!

    Então… Ela pode até não entender ainda o significado de palavras como “junquilhos” e “zimbro (aliás, todo mundo entende?). Mas preciso dizer que o nosso momento com a leitura não requer esse tipo de compreensão.

    Ela pode não perceber bulhufas do que eu digo, mas ela já percebe a minha voz, mesmo quando disfarçada de princesa (eu tento) ou do terrível Lobo Mau (nessa hora eu me divirto muito mais).

    Ela já entende que aquele é o nosso momento e que eu estou ali por ela, com ela, cem por cento. Ela compreende que só o amor cria recortes assim, de entrega e de enlevo. Eu tenho certeza de que conforme ela for crescendo (e as palavras nas histórias passarem a carregar significados), ela vai guardar consigo, mesmo inconscientemente, esses minutos preciosos.

    É isso que faz a diferença.

    Falando de forma técnica, como doutorando em Literatura não foram poucas as vezes em que estudei a importância de se ler histórias para as crianças. Quanto mais cedo se começar, melhor. De preferência, deve-se fazê-lo desde a barriga da mãe. De qualquer forma, quanto mais contato os bebês tiverem com livros (de pano, de banho, etc.) e com momentos de leitura e contação de história, mais fácil será para eles, depois de grandes, ligar a Literatura ao prazer, ao afeto e a momentos agradáveis, de puro deleite mesmo.

    Falo isso por mim, minhas melhores lembranças da infância envolvem uma coleção de livros e fitas K7 que me faziam sonhar muito, longe e alto, nas tardes de chuva. Eu me enchia de esperança, encanto, medo e terror. Usava as histórias, enfim, para experimentar a vida.

    Sendo assim, eu sei que a fantasia tem muito a acrescentar a qualquer criança. Além disso, se eu espero que, um dia, a Júlia seja tão leitora quanto eu, é bom começar cedo o encantamento que vai levá-la até lá.

    E esse feitiço se repete, todas as noites, começando sempre com “Era uma vez…”.

    Quem quiser acompanhar as histórias que já lemos ou aquelas que ainda leremos, é só clicar aqui.

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