Além dos romances, Virginia Woolf (1882 – 1941) foi um exímia escritora de contos, que estão presentes em várias coletâneas organizadas por ela mesma, quando viva; e outras organizadas por editoras do mundo inteiro mesmo após a sua morte. Portanto, Casa Assombrada sempre faz parte dessas tantas coletâneas.

    Aqui no Brasil há uma coletânea com todos os contos da extinta Cosac Naify, lançada em 2005, que leva o título de “Contos Completos”; outra, menos volumosa chama-se “A marca na parede e outros contos”, que a editora lançou em 2015.

    Há outra, ainda mas antiga, lançada em 1984, pela editora Nova Fronteira chamada “Uma Casa Assombrada e outros contos“, tradução de “A haunted house and other short stories”, lançada pela primeira vez em 1944 pela editora Hogarth Press, do casal Leornad e Virginia Woolf.

    Apenas 692 palavras

    O conto que dá título a essa coletânea pode ser considerado um dos mais curtos da autora. São apenas 692 palavras que relatam a vida de dois fantasmas. Assim, é um conto breve, mas que conduz o leitor para um espaço muito rico porque o cenário é desenhado na mente com facilidade a cada palavra que Virginia Woolf coloca em seu texto.

    A Casa Assombrada: os fantasmas

    Se por um lado o leitor pode achar que uma história de fantasmas pode ser assustadora, o lado que Virginia Woolf nos mostra é muito diferente e mais interessante que isso.

    Os fantasmas, conectados de um jeito sutil com a natureza, estão ali buscando a mesma coisa, caso estivessem vivos – um tesouro no sótão, no entanto, algo mais sublime.

    É essa a primeira impressão, seguida da gentileza estética que a autora promove, ao fornecer para nós belas frases, recheadas de figuras de linguagem inusitadas.

    “Fachos fortes de luar cruzam pelo chão e a parede e, ao se encontrarem, mancham as faces que se dobram; as faces que ponderam; as faces que revistam os dormentes e buscam sua oculta alegria.” (tradução de Leonardo Fróes, Contos Completos, CosacNaify, p. 165)

    A casa assombrada realmente existiu

    Virginia Woolf entre 1912 e 1919 realmente morou em uma casa que ela considerava assombrada.

    A casa ficava no interior da Inglaterra, chamava-se Asheham House e foi a primeira moradia quando casou-se com Leonardo Woolf, que também compactuava da ideia de fantasmas morarem na residência, o que divertia os dois.

    Abaixo o trecho do diário de Leonard Woolf em que ele afirma sobre os barulhos estranhos na casa:

    “Asham was a strange house. The country people on the farm were convinced that it was haunted, that there was treasure buried in the cellar, and no one would spend the night in it. It is true that at night one often heard extraordinary noises both in the cellars and in the attic. It sounded as if two people were walking from room, opening and shutting doors, sighing, whispering…I have never known a house which had such a strong character, personality of its own – romantic, gentle, melancholy, lovely. It was Asham and its ghostly footsteps and whisperings which gave Virginia the idea for A Haunted House and I can immediately see, hear, and smell the house when I read the opening words:  ‘whatever hour you woke there was a door shutting. From room to room they went, hand in hand, lifting here,  opening there, making sure – a ghostly couple.” (fonte: VirginiaWoolfBlog)

    Por fim, Asheham House foi demolida em 1984 por uma empresa de cimento.

    Onde comprar livros com o conto “Uma casa assombrada”: Amazon

    Share.