Entenda a diferença entre tradução literária, tradução técnica e
tradução juramentada e descubra a importância de cada modalidade

Para traduzir, basta entender um pouco da língua original e da língua-alvo, fazer algumas consultas no Google Tradutor e pronto! Aí está um texto transformado de uma língua para outra sem maiores dificuldades.

Isso parece muito fácil para ser verdade? Realmente, a tradução profissional não é assim tão simples. Para um tradutor profissional, não basta ter apenas algum conhecimento das duas línguas envolvidas: além de conhecer profundamente das línguas, com todas as suas nuances, é preciso também entender de linguística, de etimologia e do contexto daquela tradução, que varia conforme a finalidade.

Os diferentes tipos de tradução

O objetivo das traduções varia entre tradução juramentada, técnica e literária. A tradução juramentada é a tradução de documentos oficiais, que precisa ser feita por um tradutor público aprovado em concurso público e registrado na junta comercial de seu estado.

A tradução técnica, por sua vez, corresponde à tradução de materiais específicos de alguma área do conhecimento, como manuais de máquinas e aparelhos, protocolos de procedimentos industriais, bulas de medicamentos, instruções para o uso de kit laboratoriais e muitas outras possibilidades. Nesse caso, além de conhecer muito bem as línguas envolvidas, outra das habilidades necessárias ao tradutor é o conhecimento técnico da área, pelo menos para que ele saiba reconhecer os jargões e onde pesquisar sua melhor tradução.

Por fim, quando falamos em tradução literária, estamos nos referindo à tradução de materiais como romances, contos e poemas, o que envolve muito mais conhecimento do que pensamos a princípio.

O que um tradutor literário precisa ter?

O primeiro passo, é claro, é ter conhecimento muito avançado tanto da língua-alvo quanto da língua original. Esse conhecimento avançado, porém, não é o mesmo dos cursos de idiomas: para a tradução, é necessário ter um entendimento muito profundo da língua, incluindo suas nuances, coloquialidades, gírias, estigma social de determinadas formas.

Por exemplo: se ao ler um livro traduzido para o Português você encontrar uma passagem em que o personagem pediu um “leite com café” na padaria da esquina, é possível que isso cause um estranhamento. Isso porque todo brasileiro sabe, por instinto, que a ordem usual das palavras seria pedir um “café com leite”. Ninguém nos ensinou isso, nós simplesmente sabemos – e isso também acontece nas línguas estrangeiras.

Essas nuances de cada idioma são aprendidas somente depois de muitos anos e vivência na língua em questão, com muitas e muitas horas de leitura e estudo de gramática acumuladas na formação do tradutor.

Além disso, é necessário entender também o contexto social que uma forma carrega, que pode indicar a camada social a que o personagem pertence, seu nível de instrução, sua intenção ou uma possível ironia, por exemplo. Uma tradução feita palavra por palavra não será bem-sucedida para transmitir esse nível de informação tão subjetivo.

Ainda, o tradutor literário precisa ter um amplo conhecimento sobre os aspectos culturais do lugar em que se passa a trama, de forma a conseguir fazer os acontecimentos provocarem os mesmos sentimentos no leitor, apesar de ele se localizar a milhares de quilômetros do local original.

Transcriação: o diferente que aproxima

Dentro da tradução literária, existe também a transcriação, que consiste em um processo de modificação de alguns aspectos do texto original para que os elementos provoquem a mesma reação no leitor do texto traduzido, seja ela de reconhecimento ou de estranhamento.

A formação de um tradutor inclui o estudo de teorias que defendem que devemos conservar todos os aspectos do original, mesmo que elas causem certo estranhamento ao leitor. É o caso do funcionamento de universidade nos Estados Unidos, por exemplo, que seria mantido da mesma forma em um livro traduzido: processo de inscrição em diversas universidades, análise do currículo e entrevista de seleção, a denominação dos alunos conforme o ano que estão cursando (freshman, junior, sophomore etc.), a indicação dos prédios usando os pontos cardeais (Bloco Norte, Ala Leste, Prédio Sul etc.) – algo com o qual não estamos acostumados.

Outras teorias, porém, defendem que esses aspectos devem ser adaptados para o país ao qual a obra está sendo traduzida. A justificativa para isso é que, se o texto não causa nenhum tipo de estranhamento no leitor dos EUA, ele também não deve causar no leitor brasileiro. Assim, de acordo com essas teorias, o funcionamento da universidade dessa mesma história deveria ser descrito com adaptações para o contexto brasileiro: o vestibular o ENEM deveriam substituir o processo de seleção americano, os alunos não receberiam denominações conforme o ano cursado (exceto “calouros” e “veteranos”) e os prédios que compõem a universidade receberiam nomes como “Bloco Laranja” ou “Prédio de Humanas” em vez dos pontos cardeais – que são muito pouco utilizados no nosso dia a dia.

Qual das duas correntes é a mais correta? A resposta é que sempre vai depender dos objetivos do autor do livro, do tradutor e da editora, pois cada caso é único e merece ser analisado com todas as suas peculiaridades.

Preciso de uma tradução, e agora?

Como você viu, a tradução, seja ela literária, técnica ou juramentada, tem uma série de detalhes a serem considerados, de forma que o conhecimento das línguas é apenas uma parte de todas as habilidades necessárias. Por causa disso, recorrer a alguém que não seja um profissional deste ofício pode resultar em discrepâncias de significado ou mesmo na perda da validade de um documento oficial.

Uma forma de escapar dessa armadilha é verificar a formação do tradutor e analisar trabalhos anteriores que ele tenha feito. Além disso, é sempre recomendável buscar uma empresa de tradução de confiança, que pode indicar o melhor profissional para cada caso.

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