Comecei a ler um livro chamado “Da redação à produção textual: o ensino da escrita”. Não conhecia o autor Paulo Coimbra Guedes, pois o livro chegou até mim num desses despretensiosos passeios em uma livraria. O livro me chamou a atenção por dois motivos. O primeiro é que estou mais ligada aos processos da escrita do que à leitura dos livros de literatura, pois sinto uma grande vontade de escrever mais, porém, ainda me vejo um pouco barrada por questões de linguagem, de gramática e estruturas textuais. O segundo motivo é que, como professora, compreendo cada vez mais que o caminho para ensinar a escrita pode se tornar obscuro, tanto para o professor, quanto para o aluno e, neste sentido, os livros iluminam esse caminho difícil, porém cheio de maravilhas durante todo o percurso.

    Então, podemos pensar que o ato de escrever é apenas escolher um tema e encaixá-lo dentro de um padrão, como uma narração, dissertação, resenha, crônica, artigo etc. Mas nos enganamos se limitarmos a escrita como um produto, como uma simples redação. Aprendi com meus colegas de trabalho que o nome que melhor representa o ato de escrever é produção de texto, pois assim, podemos identificar a presença das diversas fases que compõe esse processo tão rico, mas como falei anteriormente, também cheio de obscuridades.

    Navegando pelo universo da sala de aula, como tornar a produção de texto algo significativo para os alunos, como tornar esse momento tão precioso – não só para o meio escolar, mas também para a vida? Não tenho uma resposta objetiva para isso, entretanto, posso afirmar que o mais importante é estarmos atento às possibilidades que a própria sala de aula nos dá. Cada aluno ali representa uma parte deste processo, representa um sucesso ou insucesso das etapas para a produção de texto, que só fará sentido caso se cumpra uma certa magia, aquele sentimento tão difícil de nomear, mas que mora nas entrelinhas da autonomia, do envolvimento, do engajamento e da  autorreflexão.

    Eu escrevi tudo isso pelo desejo de compartilhar como está sendo o meu caminho no trabalho de escrever e ensinar a escrever. O livro de Paulo Coimbra Guedes está sendo valioso, pois ele, como professor, cumpre um papel muito corajoso em seu livro: o de expôr seus erros e acertos no ensino da produção de texto. Logo no início da obra, o autor nos dá um resumo quase emocionante sobre como produzir um texto. Digo quase emocionante porque, a minha experiência ao ler esse trecho foi de conseguir iluminar um pouco mais o caminho da compreensão do poder da escrita, ao mesmo tempo em que essa descoberta, me prendeu algo na garganta, foi bom:

    “O que seu texto está nos dizendo é exatamente isso: só um olhar curioso e armado pela palavra escrita – que traz consigo o ponto de vista e a habilidade de ler o mundo como condição e como finalidade para a leitura da palavra – pode tornar significativa a relação entre a experiência pessoal e a experiência humana, facultando a tomada de distância necessária para tornar objetiva a experiência pessoal para que ela se possa atribuir um significado relevante para examinar a experiência humana. É assim que se produz um texto.” (p. 20)

    Voltarei mais vezes por aqui para falar sobre esse universo tão encantador. Por hoje, é isso.

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