Lançamento de fevereiro do selo Seguinte, da Companhia das Letras, Mulheres na luta – 150 anos em busca de liberdade, igualdade e sororidade é um quadrinho escrito e ilustrado, respectivamente, por Marta Breen e Jenny Jordahl, e traduzido por Kristin Lie Garrubo.

    mulheres na luta
    Mulheres na luta, lançamento da editora Seguinte

    Seguindo o panorama das lutas de mulheres por igualdade, direitos reprodutivos, voto e etc, a HQ faz um recorte que vai (um pouco) além do eixo EUA e Europa; juntando nomes e feitos importante para o feminismo desde 1840 até os dias de hoje. Nele, as reivindicações das mulheres se agrupam com a de outras minorias, como a libertação de escravizados e o movimento LGBT, mostrando que o caminho da liberdade e da igualdade só é possível quando em coletivo, quando todos seguem de mãos dadas.

    Nomes como Harriet Tubman – que possibilitou a fuga de centenas de escravizados -, Olympe de Gouges e Mary Wollstonecraft, a poeta Tahírih – considerada primeira mártir da luta feminista -, a filósofa e economista Rosa Luxemburgo, a enfermeira Margareth Sanger, Safo, Malala e até mesmo nossa primeira presidenta, Dilma Rousseff, preenchem o quadrinho com suas histórias e conquistas.

    Com uma linguagem simples, divertida e cheia de sarcasmo, capítulos curtos e belas ilustrações, Mulheres na luta é uma boa introdução a história e teoria feminista. Ele define minimamente as suas três ondas, introduz figuras chaves e instiga à pesquisa. Talvez, exatamente por isso, ele funcione melhor para meninas mais jovens ou pessoas com pouca bagagem teórica sobre o assunto, uma vez que serve como uma espécie de resumo, tratando de 150 anos de conquistas em menos de 150 páginas.

    Uma de suas lacunas, por exemplo, é a falta de dados referentes à luta feminista em países da América Latina. Falha preenchida na edição brasileira através de um texto final, uma espécie de posfácio, produzido pela professora Bárbara Castro, que faz um levantamento sobre as questões feministas em nosso país. Tais informações podem ser complementados com livros como O voto feminino no Brasil, de Teresa Cristina de Novaes Marques, Breve história do feminismo no Brasil e outros ensaios, de Maria Amélia de Almeida Teles, e Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil, de Sueli Carneiro.

    Mulheres na luta se mostra, mesmo com falhas e faltas, uma obra importante para a educação e formação de uma geração de meninas e meninos que têm o privilégio do acesso relativamente fácil a informações, pesquisas e dados históricos. Ele, assim como A origem do mundo, funciona como uma espécie de manifesto, de aula bem humorada, de um primeiro passo para “drogas mais pesadas”, para livros e quadrinhos mais teóricos e completos, para uma o entendimento de que nada nos foi dado gratuitamente e de boa vontade, de que mesmo por trás de coisas que hoje consideramos tão banais existe muito sangue, muitas mortes e a luta de muitas mulheres.

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