Escrever é uma arte e uma prática social, cultural e emancipadora. Quem escreve bem, se comunica bem e amplia sua habilidade para interpretar textos, a si mesmo e o mundo. No entanto, quando a pessoa, já alfabetizada e adulta, pensa assim: “quero aprender a escrever” é um sinal de que ali dentro pode morar um futuro escritor.

    Mas por onde começo?

    Não é uma pergunta para principiantes, é uma constância na vida de quem está para iniciar um grande projeto, uma grande ação…

    • Por onde começar?
    • O que estudar?
    • Como pesquisar?
    • Como saber está bom?
    • Quem vai ver/ler/interagir?
    • Tenho futuro?
    • Vai dar certo?
    • Vou ficar rico?

    É possível trilhar um caminho bacana para todas essas perguntas acima, com exceção da última, pois a resposta é simples: não, você não vai ficar rico.

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    A arte da escrita

    De alguma forma, quando o pensamento “quero aprender a escrever” vem, ele está carregado do desejo de produzir alguma coisa (um conto, um romance, uma poesia, uma crônica, um livro de não ficção…), portanto, para tornar essa pessoa que quer escrever em alguém que escreva com segurança e transforme seu desejo mais íntimo em algo real é necessário dar alguns passos para trás…

    Mas como assim?

    A princípio, parto de uma experiência pessoal. Sempre quis escrever, sempre quis ser escritora e ainda não me sinto confortável dizendo que sim, sou também escritora. Mesmo com um conto meu publicado na coletânea Leia Mulheres em 2019 e os tantos outros contos que escrevi, joguei na rede ou ficaram engavetados.

    Portanto, o que eu quero dizer é: os passos para trás tem a ver com o olhar que eu coloco para as coisas que já sei e minha habilidade de entender o que preciso melhorar. E se tratando da escrita, temos que voltar para o básico:

    • Faço um bom uso da Língua Portuguesa?
    • Sei usar vírgulas de forma correta e as demais pontuações?
    • Diferencio, compreendo e faço uso com tranquilidade dos gêneros textuais?
    • Sei o que é um texto formal, informal, poético…?
    • Tenho habilidade para revisar meus textos?

    E eu poderia completar essa lista de perguntas de forma infinita! Mas a sua função aqui é apenas para exemplificar a importância de dominar a técnica, a arte das palavras!

    Hoje, por exemplo, me considero uma escritora melhor que ontem, que o ano passado, retrasado e assim até o dia em que veio, pela primeira vez, o pensamento: “quero aprender a escrever”.

    “Escrever é pôr palavras nas costas do ritmo” – Virginia Woolf

    Quando a gente pensa “quero aprender a escrever”, na verdade, é uma oportunidade de se reconstruir enquanto pessoa e portador de uma linguagem. E essa linguagem, quanto mais conseguir dizer de si e do mundo, melhor vai ser seu estado de constância, de aprendizado, de vivência, de transformar o que temos de mais especial em comunicação, em arte, em eternidade.

    Por fim, a escritora inglesa Virginia Woolf definiu o ato de escrever de forma brilhante: devemos “pôr palavras nas costas do ritmo”. E o ritmo só vem quando o “quero aprender a escrever” se transforma em “estou aprendendo a escrever” e depois em “eu sei escrever, eu vou escrever.” E na sequência, mais uma etapa: “eu escrevi.” E quando se olha para a própria obra vem o pensamento: “tá aí, meu ritmo! minha linguagem, minha expressão, minha arte!”

    O caminho é simples? É fácil? De forma alguma! Mas estar nele é uma das sensações mais maravilhosa!


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