Em um mundo onde o sentimento de pertencimento muitas vezes está atrelado ao conforto do lar, há aqueles cujo espírito nômade os leva a encontrar a sensação de ‘estar em casa’ em qualquer lugar. Em uma reflexão poética, inspirada nas palavras de Charles Baudelaire em ‘O Pintor da Vida Moderna’, exploramos a fascinante dualidade de estar fora de casa e, no entanto, sentir-se em casa em toda parte. Descubra como esses espíritos independentes e imparciais desfrutam dos pequenos prazeres de estar no centro do mundo, enquanto permanecem ocultos dele, desafiando as definições convencionais de pertencimento e liberdade.

    Estar fora de casa e, no entanto, sentir-se em casa em toda parte; ver o mundo, estar no centro do mundo e continuar escondido do mundo, esses são alguns dos pequenos prazeres desses espíritos independentes, apaixonados, imparciais, que a língua não pode definir senão canhestramente.

    Charles Baudelaire, O Pintor da vida moderna, tradução de Tomaz Tadeu, Autêntica, p. 20.

    O pintor da vida moderna
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    Esse trecho de Charles Baudelaire, extraído de “O Pintor da Vida Moderna”, evoca uma sensação de pertencimento paradoxal. Ele descreve um estado de estar fora de casa, mas ainda assim se sentir em casa em qualquer lugar, o que sugere uma liberdade e uma conexão íntima com o mundo que transcende os limites físicos da casa.

    Baudelaire parece estar descrevendo pessoas que são nômades em espírito, que não se sentem presas a um lugar específico, mas que conseguem encontrar conforto e familiaridade em qualquer ambiente que estejam. Essas pessoas parecem ter uma relação única com o mundo ao seu redor, sentindo-se no centro das coisas, mas ao mesmo tempo permanecendo ocultas ou escondidas do mundo, o que pode sugerir uma atitude de observação distante ou até mesmo uma sensação de solidão.

    Os “pequenos prazeres” desses espíritos independentes são descritos como apaixonados e imparciais, o que sugere uma intensa ligação emocional com a vida e com o mundo, mas também uma capacidade de manter uma objetividade ou equanimidade diante das experiências. Esses espíritos parecem transcender as limitações da linguagem, sendo tão complexos e multifacetados que não podem ser completamente definidos ou capturados por palavras.

    Em suma, esse trecho de Baudelaire captura a complexidade da experiência humana e a capacidade de algumas pessoas de encontrar um senso de pertencimento e significado em meio à liberdade e à independência, mesmo quando estão fora de casa. Ele sugere uma busca constante por conexão e compreensão, mesmo quando isso significa permanecer oculto ou distante do mundo ao seu redor.

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