A Mulher da Gargantilha de Veludo e Outras Histórias de Terror é um livro que comprei no ano passado e estava na fila de leitura. 1001 Fantasmas, que eu já fiz a resenha aqui, também faz parte dele. Este livro mostra um lado de Alexandre Dumas que pouca gente conhece, como autor de histórias de terror.

    Essa linda edição da Editora Zahar dava um post à parte, de capa grossa e contracapa estampada com caveirinhas brancas sobre um fundo cinza, belas ilustrações originais do século XIX, que expressam bem o clima soturno das histórias e toda comentada com notas de rodapé riquíssimas, traz ainda os anexos, com textos que o próprio autor acrescentou, descrevendo as circunstâncias da criação das duas novelas e que não estão em todas as edições. Ou seja, é o tipo de livro que não se empresta, se é que vocês ainda emprestam algum, porque eu parei de acreditar na humanidade na devolução.

    Mais uma vez, Dumas é detalhista nas descrições dos lugares, dos objetos, dos trajes e isso, em alguns momentos, pode se tornar cansativo em histórias de terror, que exigem um constante clima de suspense, de que algo assustador irá acontecer a qualquer momento mas, por outro lado, ajuda o leitor a se transportar mais facilmente para um cenário desconhecido, que a é a Paris do século XIX.

    O protagonista é o jovem músico alemão Ernest Hoffmann (inspirado no escritor, compositor e desenhista de mesmo nome). Hoffmann e seu amigo Werner fariam uma viagem a Paris, Werner com intenções mais libertinas e Hoffmann desejoso de estudar a música e a ópera francesas. Porém as vésperas desta viagem, Hoffmann se apaixona, adiando a ida a Paris, para onde Werner segue sozinho e Hoffmann permanece na Alemanha, prometendo encontrar o amigo em breve na capital francesa. Hoffmann realmente vai a Paris, mas uma série de encontros e desencontros se dão entre ele e Werner e sua viagem acaba tomando um rumo inesperado da sua intenção inicial.

    A Paris de Dumas

    A Paris que Dumas descreve não tem aquele ar primaveril, elegante, transbordando intelectualidade, que estamos acostumados a ver em outros romances, é uma cidade escura, com dias cinzas e noites cheias de névoa e de medo dos moradores e dos turistas, pelas ações policiais rígidas que deixam as ruas vazias, com bibliotecas e museus fechados, gente sendo guilhotinada na Praça da República e todos os excessos que a luxúria permitisse e que o dinheiro pudesse pagar, bem ao alcance das mãos. É neste cenário que Hoffmann vê pela primeira vez Arsène, uma bela bailarina da Ópera de Paris, mulher misteriosa e cobiçada por todos os homens, cercada de luxo, que usava uma gargantilha de veludo com fecho de diamantes. Nesse ponto toda história começa a mudar, inclusive o ritmo da narrativa, que passa a ficar mais dinâmica.

    O resto vou deixar para vocês descobrirem sozinhos, no mais, digo que A Mulher da Gargantilha de Veludo é um livro ótimo para ler à noite, nos dias mais frios, como os que estamos tendo nesta época do ano, acompanhado de uma bebida quente, com álcool ou sem. E quem puder adquirir esta edição da Zahar, dê preferência a ela porque vale muito à pena.O próximo livro será de Poe /… O Relato de Arthur Gordon Pym, então, já sabem, vem mais terror por aí!

    Onde Comprar A Mulher da Gargantilha de Veludo: 
    Amazon

    Share.