Em O Inocente, Ian McEwan se baseia num fato histórico para usar como Deus Ex Machina e provocar o desenlace de seu livro. A década é a de cinquenta, o cenário a Berlim fragmentada do pós- guerra e inserido na dicotomia do mundo bipolar. Mais antagonismo provém da personalidade de Leonard Marnham, um técnico britânico na casa dos vinte, que em sua unidimensionalidade, apresenta a ingenuidade como cargo chefe, a qual se pode comparar à presa mais receptiva a um bote dos calejados espiões comunistas que se encontram até mesmo debaixo da cama das senhoras indefesas.

    A obra de seu autor.

    Como a história começa

    Leonard é chamado para trabalhar no que ao primeiro relance se passa por uma estação de radar anglo-americana na divisa da Berlim ocidental com a oriental. Conforme vai subindo hierarquicamente, o que ocorre bastante rápido devido a importância de seu trabalho prestado, Marnham descobre que o projeto é um túnel subterrâneo destinado a grampear os cabos orientais e decodificar as mensagens dos comandos russos vindos da capital Moscou.

    Como na maioria dos seus romances tem o tema amor visto de toda sorte de pontos de vista, Ian McEwan dá a Leonard um par romântico russo chamado Maria Eckford. O foco se dá na faceta da resistência do sentimento. Quais são os empecilhos que enfraquecem a ternura que no início se parece tão dona de si mesma e eterna? Fugindo dos clichês, o autor não usa as diferenças de nacionalidade como um item a ser resolvido pelo casal, assim como os amores impossíveis de antecessores familiares inimigos.

    A verossimilhança

    Geralmente há alguns absurdos na maioria dos livros. Poder-se-ia enquadrá-los como a probabilidade 0,01% de que alguma situação terminasse como o foi, como por exemplo na imaginação fértil de uma garotinha ter o poder de separar um casal como em Reparação. Nesta obra há também a faísca do impossível que acende os estopim de um evento maior. É engraçado McEwan ter escolhido um tema batido e surrado como este, mas até quando pende pro usual, o escritor consegue se desvencilhar por descrevê-lo duma maneira única e verossímil como seus leitores estão habituados, porém não calejados aos seus efeitos.

    No livro há um PS ao fim da obra que me soou um pouco estereotipado. Como se seguisse as mesmas receitas de epílogos nostálgicos que remetem a um passado meloso e utópico. Mas a beleza da escrita, e os arquétipos e trejeitos tanto físicos tanto mentais que nos remetem à impressão de se olhar num espelho ao ler McEwan faz com que ao final de qualquer leitura um saldo mais que positivo apareça na satisfação de fechar um bom livro.

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