Das ideias loucas

Ler coisas impossíveis. Umas ideias loucas que só vão ficar nessa fase mesmo. E isso é bom, porque a gente aprende que criar espectativas impossíveis não faz bem pro coração.

A primeira ideia louca é ler Guerra e Paz, porque saiu essa edição tão bonita da Companhia das Letras e porque tenho uma outra ideia (nem tão louca assim) de aprender um pouco sobre Literatura Russa.

A outra ideia louca é ler toda a coleção da Folha – Mulheres na Literatura. Mas os livros começaram a sair em agosto/2017 e veja bem que dia é hoje…

Porque eu preciso ler O Som e a Fúria

O som e a fúria

Nesses últimos meses do ano, tive também a ideia de ler O Som e a Fúria. Essa ideia não me parece tão louca porque o livro não possui mais de 1000 páginas, tipo Guerra e Paz. Apenas um livrinho bacana que chegou em minhas mãos. E esse livro me traz uma história bonita: quando eu fazia Letras, na reta final para entregar as fichas de estágio eu quase desisti, porque a escola que eu fiz o estágio estava fechada por conta das ocupações e o diretor não queria assinar as minhas fichas. E era o último dia para entregar. Chorei tanto… como chorei aquele dia dentro do carro, sozinha, em uma rua movimentada, durante o verão seco da cidade. Mas quando eu fui embora, no meio do caminho, a vice-diretora me ligou, dizendo para eu voltar, porque tinha conseguido convencer o diretor a assinar as benditas fichas. Foi um alívio! Mas também meu sangue ferveu e aquele sentimento de vingança e orgulho bateu bonito em mim. Pensei:  vou voltar nada, se foda, seus ¨&&%$$#%*(((*&¨&¨&! Mas então eu lembrei de uma colega do curso de Letras. Ela era uma mulher mais velha que eu e tinha nos olhos uma sabedoria profunda, que parecia vir de alguém que já tinha sofrido muito na vida. Não sei mesmo se ela sofreu, mas era a impressão que ela me passava. Ela me disse, certa vez, que em alguns momentos da vida a gente tem que engolir o orgulho e ir lá encarar a situação por mais humilhante que seja. Eu fiz assim. Ainda com os olhos cheio de lágrimas, voltei para a escola e o diretor assinou as fichas. E o que o livro “O Som e a Furia” tem a ver com essa história? É que ela, essa colega que me ensinou sobre os momentos de engolir o orgulho, fez o seu Trabalho de Conclusão de Curso sobre O Som e a Fúria e na época ela pensou em desistir e eu pude ajudá-la também. Depois dos percalços que ela passou, me disse: “você precisa ler O Som e a Fúria”. E até hoje eu não li.

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