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O Silêncio na Era do Ruído (Erling Kagge): imensidão e solidão

Vi esse livro, de longe, na livraria e ele fisgou minha atenção, na hora. A capa toda branca, o tamanho compacto, as letras pretas e a ilustração minimalista…é incrível como a simplicidade se sobressai, quando tudo ao redor é uma explosão de cores. Cheguei mais perto para conferir e vi o título: O Silêncio na Era do Ruído. Como uma típica introvertida me identifiquei, imediatamente. Um livro falando sobre um refúgio em meio ao festival de excessos e da quase obrigação de fazer barulho dos nossos tempos: “Sim, estou interessada!”

erling kagge

O livro publicado no Brasil pela editora Objetiva, é de um autor norueguês: Erling Kagge, explorador que foi a primeira pessoa a caminhar sozinha no polo Sul e também a chegar aos três pólos – Norte, Sul e o cume do Everest. Durante suas expedições, o autor conheceu a fome e o frio intenso e ficou íntimo do silêncio.

Neste livro, ele fala sobre suas experiências e mostra em fotos a imensidão e a solidão dos lugares por onde passou, compartilha de forma despretensiosa com o leitor suas reflexões sobre a sociedade contemporânea para qual aponta que “o silêncio é o novo luxo” e cita filósofos, escritores e artistas que versaram sobre o tema, antes. É uma leitura leve, em alguns momentos me prendeu muito, como quando ele fala sobre influência negativa da tecnologia na dificuldade do homem, dos nossos dias, em silenciar e  estar a sós consigo mesmo. Em outros momentos, a escrita perde o ritmo, fica um pouco dispersa.

Sejamos sinceros, não um livro que promove reflexões profundas e acho que este não é o objetivo do autor, Erling Kagge não é um estudioso do comportamento humano e não finge ser, seu relato é pessoal e sensível e nos faz repensar algumas atitudes diante do excesso de estímulos ao qual vivemos submetidos, nos faz lembrar que nem sempre foi assim, que ainda há cantos da Terra onde não é assim e que podemos nos reconciliar com o silêncio e nos beneficiar dele, a começar pelas nossas mentes barulhentas, uma vez que o autor defende o silêncio como sendo uma poderosa ferramenta de autoconhecimento.

No último capítulo, Erling Kagge cita o poeta Olav. H. Hauge quando argumenta que “não é preciso muito para compreender o silêncio e sentir a alegria de trancar o mundo do lado de fora”:

“Quando chega a hora, é sempre pouco o necessário,
e esse pouco o coração já sabia”

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