O Exorcismo, de Thomas B. Allen é mais do que um relato aterrorizante do mais famoso caso de exorcismo da era moderna, é um registro histórico que traz em sua nova edição (a primeira foi lançada em 1994 sem tradução para o português), o diário escrito pelo padre Walter Halloran, que participou do exorcismo e fez anotações diárias no intuito de que, vista a dificuldade em encontrar manuais de como realizar o exorcismo na época, no futuro os registros pudessem auxiliar outros padres em casos semelhantes.

    Em 1949, em Maryland nos Estados Unidos, um jovem retratado sob o pseudônimo de “Robben” (sua identidade foi preservada pelo autor, assim como a de seus familiares) começa a desencadear uma série de atividades paranormais após receber a visita de sua tia Harriet, envolvida com espiritismo, e que lhe presenteia com uma tabuleiro Ouija (aquele em que um objeto se move sobre ele guiado por uma força do “além” para responder perguntas, indicando letras e criando frases).

    As coisas estranhas

    Coisas muito estranhas começam a acontecer com frequência na residência de Robben. Barulho de torneira pingando, pancadas nas paredes, arranhões no colchão. Onze dias após o início dos incidentes na casa de Robben, tia Harriet morre em Saint Louis. Foi quando então, os fenômenos começaram a acontecer com mais frequência. Onde quer que Robben passasse os objetos se moviam, a poltrona em que se sentava chegava a levantar alguns centímetros do chão, cabides voavam do guarda-roupa, vasos flutuavam de um canto ao outro da sala. Foi então que a família, após buscar a ajuda de um médico, psicólogo, um vidente e um pastor, recorrem ao exorcismo através de padres católicos, que realizaram as sessões na casa do garoto, em um hospital e em um presbitério em Saint Louis.

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    Em uma das sessões, Robben foi amarrado a uma cama de hospital para que mais uma sessão de exorcismo fosse realizada, desta vez pelo padre Hughes, e a situação quase fugiu do controle.

    “(…) Um dos braços de Robbie se moveu quase imperceptivelmente sob a correia. Ele deslizou a mão para fora da amarra. Ninguém percebeu quando o garoto estendeu a mão pela lateral da maca e, de alguma forma, soltou uma das molas.
    Hughes gritou e lutou para se levantar, o braço esquerdo pendendo flácido. Sangue manchava a sobrepeliz e a estola. O garoto tinha cortado o braço de Hughes do ombro ao pulso. Foram necessários mais de cem pontos para fechar o ferimento”

    p. 43
    exorcismo

    Foram inúmeras sessões de exorcismos, com diversos padres. Um deles, Walter Halloran registrou tudo em um diário, que inclusive foi adicionado na integra e sem edições pelo autor nas últimas páginas do livro. Diário esse que Thomas obteve sob circunstâncias no mínimo curiosas, devidamente relatadas na obra.

    Um relato…

    Um dos aspectos a se destacar, é que não se trata simplesmente de um livro de terror baseado em uma história supostamente verídica. É um relato montado através de muita pesquisa e fontes imparciais. Algumas delas inclusive contestando a veracidade de alguns fatos relatados.

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    A burocracia da igreja

    Thomas B. Allen abre diversos parênteses durante a narrativa para abordar de uma maneira quase que jornalística os fatos, trazendo registros de antigos exorcismos e o ponto de vistas de estudiosos que enxergam alguns casos, principalmente os mais antigos, como doenças ainda não descobertas ou epilepsia. Assim, não só levanta as questões do fenômeno em si, como faz um estudo da forma burocrática como a igreja católica agia quando de fato acreditava ser um caso de exorcismo, o que gerava uma porção de regras a serem seguidas. Todos estes aspectos fazem de Exorcismo um bom livro. Por fim, o livro passeia entre o imaginário e o real sem perder o rumo na narrativa.

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