Svetlana Aleksievitch é escritora, jornalista e ganhadora do Nobel de Literatura em 2015, que, segundo a academia, foi merecido pela “sua escrita polifônica, memorial ao sofrimento e à coragem na nossa época”. E realmente isso pode ser confirmado no livro A guerra não tem rosto de mulher, publicado em 2016 pela Companhia das Letras.

No livro o leitor poderá conhecer muitos relatos sobre as mulheres que participaram da Segunda Guerra Mundial, de um jeito muito diferente do tradicional, pois, além de levantar a questão do olhar da mulher sobre a guerra, Svetlana consegue informar o leitor não somente dos fatos históricos, mas sobre as dores e o sofrimento inimaginável de todas as pessoas que participaram da guerra.

A guerra não tem rosto de mulherA organização do livro está, mais ou menos, de acordo com as profissões das mulheres na guerra: pilotas de avião, atiradoras de elite, enfermeiras, médicas, lavadeiras, cozinheiras, entre outras profissões, que com um olhar mais demorado sobre os sentimentos dessas pessoas na guerra, propõe que o leitor repense muitos aspectos que ele já pode ter construído sobre batalhas, tiros, armas, dor e sofrimento. Nada é bonito. A figura de heróis e heroínas não está presente, mas sim a humanidade dessas pessoas que, no front, é levada ao extremo.

5 motivos para ler Svetlana Aleksiévitch

Para Svetlana e as mulheres que ela entrevistou, a guerra é muito mais que uma história sobre grandes feitos, porque, saber da vitória ou da derrota não constrói o que realmente constitui a guerra, em um sentido mais profundo, que contém, infelizmente, dores físicas e psicológicas que podem duram para sempre.

As diferentes vozes das mulheres

Em um dos relatos, uma mulher afirma que o seu único desejo seria, apenas por um dia, viver sem a lembrança da guerra. Em outro, uma mulher afirma do quanto foi difícil atirar pela primeira vez. Uma outra, informa que não acreditava que a guerra iria durar tanto… em outros, mulheres com medo de falar sobre a guerra porque estavam acostumadas a viver sem falar do assunto, ora porque ninguém perguntava, ora porque os próprios maridos proibiam o assunto dentro de suas casas.

As vozes das mulheres são diferentes. Há relatos tranquilos, outros mais agitados. Alguns bem humorados, outros melancólicos. Em comum, elas possuem o silêncio que corta a alma do leitor e também causa uma compreensão que foge das palavras, mas como se, ao ler, estivéssemos também olhando nos olhos de cada uma delas. A guerra não tem rosto de mulher, tampouco de homem, a guerra é sobre segurar o coração no punho. Segurar o coração no punho faz parte de um dos relatos no livro.

Como é segurar o coração no punho?

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3 Comentários

  1. Ricardo Rodrigues on

    Ano passado, ela foi convidada para a FLIP(Feira Literária Internacional de Paraty) onde ela fez uma palestra falando sobre o ofício de jornalista na ex-URSS e a edição de seus livros que foram proibidos de serem publicados na década de 80.
    Falou que não se considera uma escritora e sim uma jornalista em busca da verdade, dos fatos reais e não daquilo que a mídia manipulada exibe ou omite.
    Bom, legal mesmo é que consegui que ela autografasse tanto “A guerra não tem rosto de mulher” quanto “Vozes de Chernóbil”…

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