Quantas vezes uma mentira precisa ser contada para que se torne uma verdade? Seria uma mentira bem intencionada válida? Por outro lado, até que ponto vale sustentar uma mentira, sabendo que a verdade trará seu mundo abaixo? Assim, estas são algumas das indagações que permeiam as páginas de Querido Evan Hansen, escrito por Val Emmich e publicado pelo selo Seguinte, da Companhia das Letras, em 2019.

    Querido Evan Hansen

    Um adolescente sem amigos

    Evan é um adolescente que está em seu último ano letivo e após um acidente causado por ter caído de uma árvore durante as férias, retorna às aulas com o braço engessado e ainda intacto, ou seja, sem as tradicionais assinaturas dos amigos e familiares.

    O fato é que ele não tem amigos. Inseguro e retraído, foi solicitado por seu terapeuta que escrevesse cartas para si, reforçando através da escrita uma postura positiva com relação a seus dias, sempre iniciando com “Querido Evan Hansen”, e seguindo com algo como “hoje o dia vai ser bom, e vou dizer por quê.”

    Depois de um primeiro dia tumultuado, Evan transfere toda a sua angústia para o papel em uma carta pessimista que acaba por parar nas mãos de Connor Murphy, um colega briguento da turma que se recusa em devolver a carta e a leva para casa. O que talvez não fosse nada demais, se Connor não se suicidasse naquele mesmo dia, e a carta encontrada em seu bolso não passasse a impressão aos seus pais de que estava endereçada ao Evan, e que ele fosse, talvez, o único amigo que Connor já teve.

    “Sou deixado com uma solidão tão profunda que ela ameaça escorrer pelos meus olhos. Não tenho ninguém. Infelizmente, isso não é ficção. É uma realidade completamente natural, cem por cento orgânica e não processada. Tem o dr. Sherman, mas ele cobra por hora. Tem meu pai, mas, se ele realmente se importasse, não teria se mudado para o outro lado do país. Tem minha mãe, mas não hoje, nem ontem à noite, nem na noite anterior. Sério, quando realmente importa, quem está lá?” (p. 35)

    Escritor, ator e cantor Val Emmich

    Muita angústia adolescente

    A história que foi inspirada em um musical da Broadway se desenrola por mais de 330 páginas de muita angústia adolescente. Nesse sentido, vai ganhando contornos dramáticos enquanto Evan se perde em suas mentiras e trava uma briga intensa contra seu maior inimigo: ele mesmo.

    Portanto, mais do que uma boa leitura, o livro passa a ser uma ferramenta a ser utilizada na abordagem do delicado campo do suicídio, principalmente pela linguagem leve e da narrativa adolescente.

    O autor disponibilizou nas últimas páginas da obra canais de comunicação para que pessoas que vierem a ler o livro possam procurar caso necessitem de ajuda. Segundo Becky Albertalli, autora de Com amor, Simon é uma leitura obrigatória, especialmente para quem já se sentiu invisível.

    Onde comprar “Querido Evan Hansen”, de Val Emmich: Amazon

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