Uma seleção de citações de Albert Camus, escritor, jornalista, filósofo e parte da Resistência Francesa na Segunda Guerra Mundial, Albert Camus recebeu o Nobel de Literatura em 1957, três anos antes de sua morte.

Com um jeito anarquista, crítico ao existencialismo de Sartre e outras vertentes de destaque na época, Albert Camus deixou sua marca na literatura francesa, tanto pela qualidade de sua obra, quanto por sua trajetória. Abaixo você encontrará citações de Albert Camus:

Sobre a finalidade da arte

Do discurso de Albert Camus quando ganhou o Nobel de Literatura:

“A finalidade da arte não é de legislar ou reinar, mas em primeiro lugar, a de compreender. […] Por isso o artista, ao chegar ao fim do caminho, absolve em vez de condenar. Não é juiz, mas defensor. É o advogado perpétuo da criatura viva. Porque está viva. Exorta verdadeiramente ao amor ao próximo, que não é esse amor longínquo que degrada o humanismo contemporâneo do catecismo de tribunal.”

“A arte não é para mim um prazer solitário É uma maneira de comover o maior número possível de homens, oferecendo-lhes uma imagem privilegiada dos sofrimentos e alegrias comuns.”

Citações de Albert Camus
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Do livro “O homem revoltado“:

“Quando o grito mais dilacerante encontra a sua linguagem mais rigorosa, a revolta satisfaz a sua verdadeira exigência, e extrai dessa fidelidade a si mesma uma força de criação. Se bem que isso vá contra os preconceitos da época, o mais belo estilo em arte é a expressão da mais viva revolta.”

“Todos somos realistas e ninguém o é. A arte não significa nem a recusa total nem o total assentimento daquilo que é. […] Sendo simultaneamente recusa e assentimento, […] o artista encontra-se sempre nesta ambiguidade, incapaz de negar o real e, no entanto, eternamente votado a contestá-lo no que ele tem de eternamente inacabado.”

Citações de Albert Camus

Do livro inédito no Brasil “Cadernos”:

“Não sou um romancista no sentido em que normalmente se entende. Mas antes um artista que cria mitos à medida da sua paixão e da sua angústia.”

Do livro de ensaios “Núpcias, o verão”:

“E assim nos tornamos profetas do absurdo! […] De que me servia depois afirmar que, na experiência que me interessava e sobre a qual aconteceu escrever, o absurdo não era senão um ponto de partida, ainda que a sua lembrança e emoção acompanhem os caminhos seguintes?”

Sobre as civilizações e as guerras

Do livro de ensaios “Núpcias, o verão”:

“A primeira coisa é não desesperar. Não prestemos ouvidos demasiadamente àqueles que gritam, anunciando o fim do mundo. As civilizações não morrem assim tão facilmente; e mesmo que o mundo estivesse a ponto de vir abaixo, isso só ocorreria depois de ruírem outros. É bem verdade que vivemos numa época trágica. Contudo, muita gente, confunde o trágico com o desespero. ‘O trágico’, dizia Lawrence, ‘deveria ser uma espécie de grande pontapé dado na infelicidade’. Eis um pensamento saudável e de aplicação imediata. Hoje em dia, há muitas coisas que merecem esse pontapé.”

Do livro “Os justos”

“(…) amo os que vivem hoje na mesma terra que eu, e são esses que saúdo. É por eles que luto e é por eles que estou disposto a morrer. E por uma cidade longínqua, de que não tenho sequer a certeza, não irei contra os meus irmãos. Não aumentarei a injustiça viva em nome de uma justiça morta.”

Do livro inédito no Brasil “Cadernos”:

“Aprendemos à nossa custa que, contrariamente ao que por vezes pensamos, o espírito nada pode contra a espada, mas também que o espírito unido à espada sempre vence a espada que se ergue em prol de si mesma.”

Do livro inédito no Brasil “Atuais”:

“O mundo deve hoje escolher entre o pensamento político anacrônico e o pensamento utópico. O pensamento anacrônico está em vias de nos matar. Por mais desconfiados que sejamos (e que eu seja), o espírito da realidade logo nos reconduz a esta utopia relativa. Quando essa utopia entrar na História, como sucedeu com muitas outras utopias do mesmo gênero, os homens lhe chamarão realidade. É assim que a História não é senão o esforço desesperado dos homens para dar forma aos seus sonhos mais clarividentes.”

Sobre política

Do livro inédito no Brasil “Atuais”:

“É por demais evidente que o pensamento político se encontra cada vez mais ultrapassado pelos acontecimentos. […] Bem entendido, o espírito segue arrastado pelo mundo. A História corre, enquanto o espírito medita. Mas esse atraso inevitável aumenta hoje na proporção da aceleração histórica. O mundo mudou mais nos últimos cinquenta anos do que tinha mudado nos duzentos anteriores. E vemos hoje o mundo empenhado em regulamentar problemas de fronteiras, quando todos sabemos que as fronteiras são hoje abstratas.”

“Quando um trabalhador, em qualquer ponto do mundo, ergue os seus punhos nus diante de um tanque e grita que não é um escravo, que somos nós se a isso ficarmos indiferentes?”

Sobre liberdade

Do livro inédito no Brasil “Atuais”:

“Não o devemos ignorar: é difícil conciliá-las. A crer na História, pelo menos, nunca foi possível. Como se houvesse nestes dois princípios uma intrínseca incompatibilidade. Como poderiam não a ter? A liberdade para cada um é também a liberdade do banqueiro, ou do ambicioso: depressa a injustiça se instala. A justiça para todos é a submissão da personalidade ao bem coletivo: como falar então de liberdade absoluta? […] Devemos pois renunciar a esse esforço inútil? Não, não devemos renunciar. É preciso simplesmente tomarmos consciência dessa imensa dificuldade em as conciliar e tornar essa dificuldade evidente para aqueles que, ainda que animados de boa-fé, tudo querem simplificar. Para o demais, saibamos somente que é esse o único esforço pelo qual, nos dias de hoje, vale a pena viver e lutar.”

Sobre o existencialismo (resposta de Albert Camus para o livro “A Náusea”, de Sartre)

“Um romance não é senão uma filosofia em imagens.”

“[…] o erro de uma certa literatura é acreditar que a vida é trágica porque é miserável. Ela pode ser surpreendente e magnífica, eis toda a sua tragédia.”

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