A expectativa por Na Praia, de Ian McEwan, pelos que o conheciam na época de sua publicação, foi grande e intensa em decorrência deste ser o sucessor de seu romance mais conhecido, Reparação. Em termos gerais o livro conseguiu satisfazer o que lhe fora requerido: estar à altura do renome que Reparação conferiu a seu autor.

    O enredo é pequeno, podendo ser emitido em apenas uma oração: A noite de núpcias de um casal, na praia de Chesil, na década de sessenta. Há também flashbacks durante a leitura, tanto do noivo como também da noiva, a respeito de suas famílias, o relacionamento futuro de ambos e suas vidas antes do namoro. Há apenas um conflito na trama, este fica evidente já nas primeiras páginas, e é discorrido conforme estas vão se passando, tornando-se maior, complexo, e melindroso. Em consequência do conflito, há uma sensação de moral da história: tudo poderia ser evitado pela comunicação franca, por se dizer, com tato, tudo o que ambos sentiam.

    Escrita boa e personagens reais

    A escrita é tão boa quanto a história: tem-se enorme prazer em reler um parágrafo apenas para admirar sua construção sintática. A verossimilhança se faz presente na descrição cognitiva dos personagens como na de objetos, cenários e ações cometidas pelos personagens.

    O ser humano é retratado de uma forma real, não tendo um personagem que é totalmente correto em sua inteireza, assim também como o contrário. Todos são passíveis de erros, de imprevistos (o que delineia com uma força estrondosa o rumo dos acontecimentos: como a leitura do livro errado, na hora errada; de uma ação feita num momento impróprio), levando-nos a refletir que tudo poderia ter sido diferente, caso aquele pequeno detalhe pudesse ser alterado.

    A força que mora nos detalhes

    Os pequenos detalhes e acontecimentos na obra de McEwan tem a força inversa ao seu tamanho ao delinear as direções que a história tomará, assim como nossas grandes escolhas moldam os caminhos de nossas vidas; e observar como ínfimos acontecimentos provocam tamanhas reações em efeito dominó, como também a beleza lexical desses mini fragmentos narrativos, sabemos a razão deste autor britânico ser tão renomado.

    O final do livro é arrebatador qual foi também o de Reparação. E prova que o tempo só faz melhorar a prática da escrita. Mas não é um fim tão emotivo como o romance antecessor. A razão tem mais espaço dessa vez, é um desfecho universal, que abrange qualquer sorte de pessoa, porque remete à vida, algo que todos usufruímos.

    Leia as resenhas dos outros livros do autor:

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