O livro O Legado de Humboldt (Saul Bellow, tradução de Rubens Figueiredo) acompanha um breve período da vida do poeta Charles Citrine. De origem humilde, Charles ascende socialmente com uma peça de teatro que é adaptada tanto para a Broadway como para o cinema.

O breve período acima descrito trata-se da decadência criativa de Citrine, quando ele não mais produz obra sequer, quanto mais algo de sucesso, o que acontece na casa dos sessenta anos. Quando jovem, o protagonista faz um empréstimo para pagar sua viagem até Nova York, onde pretende conhecer um dos poetas mais famosos da época, Humboldt. Logo se conhecem e tornam-se grandes companheiros. Assim como viria a ser Citrine, Humboldt teve apenas um livro publicado que teve sucesso: morreu sozinho e pobre numa espelunca qualquer. A vida de Charlie parece seguir o mesmo caminho.

Num fôlego só

O legado de Humboldt acontece num fôlego só: não há capítulos ou qualquer tipo de divisão. E em todas 520 páginas o tema é sempre o mesmo, as relações pessoas e introspectivas de Charlie Citrine. Ora é seu recém conhecido (e adorado pelo leitor) Cantábile, ora são suas namoradas, ex esposa, lembranças de Humboldt e por assim vai. O incrível é que não fica nada maçante, de modo que você leria infinitas páginas da vida de Citrine. Há bastantes diálogos/monólogos sobre filosofia e outras áreas, debates complexos e de difícil acesso: o que me faz querer reler o livro num futuro distante, tanto pela história como pelos debates (sobre os quais eu talvez terei um entendimento maior).

Enredo simples

Não há grandes mudanças no enredo, apenas os encontros e relações pessoais acima descritos. Mas a qualidade do livro é excelentíssima! Quero muito ler outros livros do autor (que ganhou o Prêmio Nobel em 1976), já que esse entrou facilmente nos meus seis livros favoritos.

Embora o enredo não se altere muito, o clima muda bastante ao decorrer do livro. Euforia, derrota, excitação e por aí vai. E dá pra se ver refletido em todas aquelas emoções. Mas a que mais permeia o romance é a melancolia dos personagens, o que me ganhou logo de primeira. Como o livro fala muito da morte, aqui vai um aviso: não deixem de lê-lo antes de morrer.

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