Estado de pura contemplação ao ler cada página de Ao Farol. E não cheguei na metade do livro, que é do tipo que você quer marcar os melhores trechos, mas percebe que o livro todo pode ser marcado. A história contagia, a escrita contagia. É Virginia Woolf e eu estou brava comigo mesma: como eu não havia lido esse livro até então? Ah, Virginia Woolf, que mergulho!!!

    Cacetada de informações em cada trecho. Cacetada de arte em cada palavra bem colocada, em cada movimento ou pensamento de todos os personagens. Já acho esse melhor que Mrs Dalloway. E amo Mrs Dalloway!

    O que será esse efeito que Virginia Woolf consegue causar em seus leitores? Se magia existe, é o que ela fez. Se existe o inexplicável, é o que ela produziu, uma beleza que transborda e quando você pensa que nada mais é possível, há mais surpresas no constante prazer em ler uma mente tão fantástica como a dela. Que mergulho! já dizia Mrs Dalloway…

    Que mergulho também na personagem Lily

    Encontrei a personagem Lily, uma moça que está no jardim da casa dos Ramseys pintando uma tela. Me apaixonei por essa personagem e por seus pensamentos, que adora o momento que vive, porém se sente insegura quanto artista. Aquela fragilidade que acredito ser comum quando se está buscando algo novo.

    “Se lançaram sobre ela os demônios que frequentemente a levavam à beira das lágrimas e tornavam essa passagem da concepção à obra tão pavorosa quanto a travessia de um corredor escuro para uma criança. Era assim que frequentemente se sentia – lutando contra terríveis adversidades para manter a coragem para dizer: “Mas isso é o que vejo; isso é o que vejo”, e, assim, apertar contra o peito algum miserável resquício de sua visão, que mil forças faziam tudo para lhe arrebatar. E foi então também, neste caminho frio e ventoso, enquanto começava a pintar, que foi assaltada por outras coisas, sua própria inadequação, usa insignificância (…)”

    p. 19

    A vida contém longos momentos de mau tempo, porém, como diz Sra. Ramsay, “e mesmo que amanhã não faça bom tempo… fará num outro dia”. Porque a vida é muito mais que uma construção de dias de chuva e sol; de inverno e verão.

    A sra. Ramsay enquanto costura meias para um de seus filhos (não pela melancolia, mas meu palpite é que aí está uma frase importante para a história):

    “Nunca ninguém pareceu tão triste. amarga e sombria, a meio caminho da descida, no escuro, no poço que ia da claridade do sol à escuridão das profundezas, uma lágrima se formava, talvez: uma lágrima escorria; as águas se mexeram, para um lado, para o outro, receberam-na e, voltaram ao repouso. Nunca ninguém pareceu tão triste.”

    p. 27

    Ah, Virginia Woolf, que mergulho!!!

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