O apanhador no campo de centeio, uma novela de J.D. Salinger, escritor norte-americano, chegou às livrarias em 1951 e rapidamente se tornou um dos livros mais lidos nos EUA. A temática é simples: um adolescente rebelde que não tem a mínima ideia do que fazer com a própria vida.

Confesso que eu esperava mais do livro, pois a propaganda em torno da novela é tanta que eu esperei acontecimentos muito mais complexos do que os praticados por um adolescente entediado.

O livro mostra o cotidiano de Holden Caulfield, um garoto com a opinião de que tudo é uma merda: a vida, as pessoas, a escola, a família, namoradas, etc. Nada o satisfaz, apenas a irmã, que ele nutre um carinho muito especial. Há alguns momentos em que ele se sente bem, porém tudo é sempre cortado com algo que o deixa muito irritado. Isso, em algumas partes, torna o livro muito engraçado; em outras, causa uma certa irritação, pois parece que o personagem não vai conseguir sair nunca do círculo vicioso que ele mesmo inventou.

O grande trunfo da história, que justifica o seu enorme sucesso, é ter um personagem principal adolescente; com uma linguagem de adolescente; com o olhar do adolescente. Então, a identificação causada neste tipo de público é maravilhosa, pois é fácil perceber o quanto o livro é importante; se para um adolescente, pela própria identificação que causa; se para o público em geral, pela possibilidade de analisar e conhecer o comportamento da juventude.

J.D. Salinger, que escreveu o livro quando tinha 30 e poucos anos, conseguiu imprimir na história uma grande característica dos adolescentes: a linguagem própria que ao mesmo tempo limita o entendimento do mundo, também revela como eles veem o mundo.

Curiosidades sobre o livro e o autor:

  • Depois de vender 15 milhões de exemplares e virar uma celebridade mundial, Salinger foi morar numa casa no topo de uma montanha;
  • Em 1965 cortou qualquer contato com a mídia. Não concedia entrevistas, nem tirava fotos;
  • J.D. Salinger nunca autorizou que o seu livro fosse adaptado para o cinema;
  • Diversas bandas de rock fizeram homenagens ao “O apanhador no campo de centeio”, como Pear Jam e Green Day;
  • Dizem por aí que quando perguntaram a Mark Chapman por que ele matara John Lennon, ele respondeu: “Leia O Apanhador no Campo de Centeio e você descobrirá porque o fiz. Esse livro é meu argumento“.
  • O escritor morreu em 2010 de causas naturais.

Referências: Estadão | Screamyell

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22 Comentários

  1. Jeniffer Santos on

    Menina, eu acho que nunca tinha lido a sinopse do livro. Ou li e não fixei nada, porque nem lembrava que se tratava de um adolescente. rsrsrs #alok

    E fiquei com certa inveja do Salinger: “… Salinger foi morar numa casa no topo de uma montanha.”

    Vou ler!

  2. Eu gosto tanto, mas agora estou na dúvida se foi porque eu li na minha adolescência. Gosto do Holden porque ele é um narrador em que não podemos confiar e acho que a expectativa criada pelo universo em cima desse livro acaba um pouco com a simplicidade dele, não sei. Acho que até vou reler, hehe

  3. Francine, eu li faz tempo e gostei bastante.
    Pra lista de curiosidades eu colocaria o filme: ” Teoria da Conspiração”, com o Mel Gibson. Ele é um fanático, que tem “Síndrome de Perseguição” e aonde vê esse livro compra mais um exemplar. Eu vi o filme antes de ler o livro. Gostaria de fazer o inverso agora… Vale a pena ver!

  4. Aléxia Roche on

    Eu li há uns cinco anos e não gostei muito. Ano passado, após ler “As vantagens de ser invisível” resolvi reler. Bom, não gostei muito de nenhum dos dois. O apanhador no campo de centeio não é um livro ruim ou mal escrito, mas eu achei muito chato. Acho que é um clássico superestimado. Os adolescentes leem, se apaixonam e propagam a leitura, do mesmo jeito que fazem com John Green e Stephanie Meyer. Será que “A culpa é das estrelas” será um clássico daqui há cem anos? haha…Espero que não!

  5. Zack Magiezi on

    Gostei do livro, me lembrou a série Anos Incríveis não sei o motivo dessa relação, em suma achei um livro bem escrito redondo. Mas o problema foi a expectativa quase mística que eu nutri, assim como ” On the Road.”

  6. Considero que o grande trunfo vai além de ter o protagonista como adolescente, apesar disso ter sido o diferencial na época. Creio que este livro possui inúmeros elogios por ser tão verossímil com o tema que aborda. Inclusive por ter sido escrito por alguém que já havia passado da adolescência há tempos.
    Acho que muitas pessoas passaram por isso também, de esperar mais do livro. Mas ele é muito mais psicológico, interrogativo… Nada demais acontece mesmo. E eu vou confessar que pensava que o Holden iria se matar no final. Depois, quase no final da leitura, é que lembrei que ele estava contando o que lhe aconteceu um ano antes rs Achei engraçado isso, mas só mostra que a psicologia ali é bem marcante. Holden é um personagem muito bem construído, pelo menos de acordo com o tema do livro. Amo esse livro, sou fascinada por ele, pela escrita, pelas metáforas rs Quero ler os contos do autor, infelizmente são bem difíceis de encontrar traduzidos. E quero ler a recente biografia dele lançada pela Intrínseca 🙂 Mas queria depois de ler outras obras, mesmo rs
    Beijos!

  7. Acho que nunca deixei de ser adolescente porque até hoje me identifico com o Holden… =P
    Li quando era adolescente e já reli depois de velha e continuo achando o livro fantástico. Ele é extremamente sensível e fala sobre o sentimento de exclusão social como nenhum outro.
    Beijo!

  8. francineramos on

    hahaha Releia e me conte depois! O legal desse livro é que ele funciona para todas as idades, cada um tem um olhar sobre a história. 🙂 E como estamos em constante transformação, o livro também se transforma.

  9. francineramos on

    hahahah Bem pensando, Aléxia! Eu fico aqui criando conjecturas sobre o que irá ficar para o futuro… quais os livros que lemos hj serão aclamados como clássicos no futuro?
    Se A Culpa é das estrelas for o melhor que temos hoje, acho que estamos numa situação bem feia! kkk (Nunca li John Green, apenas tentei…não consegui passar das 3 primeiras páginas porque achei o texto meloso demais, todo clichê…eca…rsrsrs)

  10. francineramos on

    Oi, Zack! Eu também criei muitas expectativas, eu achei que alguém iria morrer pelas mãos do personagem (por conta da declaração do cara que matou John Lennon…), pensei que ele fosse fazer alguma coisa fantástica, sei lá rsrs

  11. francineramos on

    Oi, Eduarda!
    Eu não consegui ver o Holden como um cara excluído da sociedade, o que vi foi um cara que não acreditava na sociedade, mas ele tinha consciência dela. Esse sentimento de exclusão social que você colocou é em relação ao Holden; ou outro personagem; ou o livro como um todo?
    Bjos!

  12. francineramos on

    Mell, também fiquei curiosa em ler mais do autor. Ele realmente foi uma figura intrigante, não somente pela obra-prima que criou, mas tb pela postura dele como escritor (adoro essa coisa de não dar entrevistas, não aparecer em público…rsrs ).
    O Holden é um personagem bom mesmo! Super forte, cativante, humano (cheio de defeitos), impulsivo, louco…. J.D. Salinger fez um super trabalho! 🙂

    Bjos, obrigada pela visita.

  13. Francine, acho me expressei mal… O Holden não é socialmente excluído (muito pelo contrário, ele é classe alta e estuda em excelentes escolas). Mas o Holden se sente excluído. Ele não se sente parte da sociedade, não tem amigos e não se sente compreendido. A revolta dele, que muita gente considera irritante, é típica das pessoas solitárias e que se sentem diferentes. O livro não deixa claro, mas muito do comportamento de Holden parece derivar de traumas decorrentes da morte do irmão dele e a irmãzinha dele é a única pessoa do livro de quem ele gosta. Esse sentimento de Holden é muito comum em adolescentes e Salinger soube captar essa alienação social muito bem.
    É isso, melhor seria se eu tivesse dito alienação social, e não exclusão social.
    Beijo!

  14. francineramos on

    Oi, Eduarda!! Ah, sim… agora entendi. 🙂 Essa alienação social do Holden é uma das grandes sacadas do livro, talvez isso que cause tanta identificação dos adolescentes com o personagem. Também acredito que o comportamento dele tem muita ligação com a morte do irmão. E também a ausência dos pais. Durante a leitura eu não conseguia imaginar com clareza os pais de Holden, no sentido de imaginá-los como pessoas mesmo, o rosto e tudo mais. Lembrei-me de um desenho que eu assistia na infância em que as crianças eram as personagens da história e nas cenas em que apareciam os pais delas, somente pés e pernas faziam parte…rs
    Obrigada pela visita!
    Bjos!

  15. Maria Sônia Oliveira on

    A pergunta é boa: o que lemos hoje que no futuro será um clássico? Hoje “O Amente de Lady Chatterley” é um clássico e “Peter Pan”, também… Seriam 50 tons de cinza e Harry Potter cadidatos? Não sei, até pq o nível da literatura é muito ruim hoje em dia.

  16. Maria Sônia Oliveira on

    Assisti várias vezes esse filme e fiquei super curiosa em ler o livro, mas não li ainda.

  17. Esse livro é muito sutil. Ele vê tudo como realmente é e se torna excluído por isso. As tristezas dele pesam mais que as felicidades: essa é a lente pela qual ele narra. E a última coisa que eu acho é que adolescentes já são maduros o suficiente pra ler esse livro, de um modo geral, é claro. O Italo Calvino disse que um clássico é aquele livro que nunca terminou de dizer o que tinha pra dizer. E entendo que o melhor exemplo é esse livro do Salinger. É claro que tem um mote acessível que é o da adolescência, algo palpável a todos, mas até Machado fez isso, por que não o Salinger?

  18. Não acredito que compararam O Apanhador com esses livros comerciais. Desmonstra um desconhecimento enorme da obra do autor, até mesmo de literatura.

  19. Uma análise superficial de um livro e um autor tão complexo. Deveria pesquisar mais sobre a obra desse autor, descobrirá que o livro, apesar de ter se popularizado no meio juvenil, foi escrito para adultos. Não é um livro emocionante de aventura. É um livro sobre identidade, pertencimento, conexão, alienação e inconformidade.

  20. Terminei de ler ontem à noite. Achei o livro um mero passatempo. Tb esperava mais, diante de tamanha “fama”… Um adolescente entediado com algum dinheiro no bolso vaga por NY se escondendo dos pais que o reprimirão por ter sido expulso pela enésima vez de uma escola que ele acha chata… No final, seu sonho de fugir de tudo se rende ao amor que sente pela irmã mais nova. Ou será que a ‘vida dura’ não combina com as suas excentricidades? De fato, o livro me parece bem ‘educativo”…

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