Usar o livro “Malala – a menina que queria ir para escola” traz para a sala de aula diversas possibilidades, pois além de trabalhar questões sociais e políticas atuais, o livro também é uma oportunidade para aprender sobre a cultura do Oriente Médio, bem como sua localização e outros detalhes importantes da história do mundo.

    O plano de aula abaixo, então, foi elaborado a partir da minha experiência com uma turma do 5º ano. No entanto, é possível adaptar a obra para outras turmas.

    1ª etapa – Conhecimentos prévios

    Para os alunos

    Contexto: Meus alunos já estavam familiarizados com alguns temas pertinentes à obra, pois tiveram duas aulas de Geografia em que foi abordada a localização do Oriente Médio e a cultura da região (religião, culinária, vestimentas etc). Então, de certa forma, conhecer o livro Malala – a menina que queria ir para escola, veio para fortalecer algo que despertou muito o interesse deles.

    Linguagem: Em atividades anteriores, os alunos conheceram biografias e autobiografias, suas principais diferenças e, inclusive, produziram pequenos textos nesses gêneros textuais.

    Para o professor

    2ª etapa – Leitura em capítulos

    A leitura pode ser realizada de várias formas. Eu escolhi ler o livro com os alunos durante 1 semana. Li, em média, dois ou três capítulos por dia em sala de aula. Um dos capítulos eles leram em casa. No entanto, eu quis garantir a leitura em conjunto para que eles pudessem tirar suas dúvidas quanto ao contexto histórico e cultural de Malala, seu país, religião etc.

    No 5º ano, os alunos já conseguem ler textos mais longos, no entanto, ainda precisam de auxílio para a leitura de acordo com as pontuações. Procuro dar exemplos, com um parágrafo, do que é uma leitura boa (com atenção aos parágrafos e colocando mais emoção na história – com as entonações adequadas e tudo mais) e uma leitura “sem emoção”. Eles percebem a diferença e, aos poucos, vão avançando neste sentido também.

    3ª etapa – O discurso da Malala na ONU

    Ao final da leitura, os alunos que ainda não conhecem a história, ficaram aliviados por saberem que Malala continua viva. Por outro lado, eles ficam curiosos a respeito de como é a vida dela hoje, como está o rosto dela etc. Assim, um pequeno trecho do discurso dela na ONU desperta mais ainda a admiração dos alunos por ela.

    4ª etapa – Um carta para Malala

    Os alunos produziram, individualmente, uma carta para Malala. Nela, como sugestão, eles deveriam escrever sobre quem eles eram e também registrar a opinião deles sobre tudo que aconteceu na vida de Malala!

    (O resultado foi lindo! Emocionante e divertido!)

    5ª etapa – Interpretação de texto

    Como parte final, os alunos, em dupla, leram e fizeram essa atividade abaixo. Faça o download:

    Malala – a menina que queria ir para a escola

    Em 2009, Malala escreveu um diário para o jornal BBC em língua urdu (idioma do Paquistão) em que retratava a vida sob o regime Talebã no Vale de Swat, no noroeste do país. Três anos depois, tentaram assassiná-la com um tiro na cabeça.

    Ela sobreviveu e se tornou uma das principais vozes pelo direito à educação no mundo.

    A seguir, alguns dos trechos mais tocantes de seu diário.

    Tive um sonho terrível

    Sábado, 3 de janeiro

    Tive um sonho terrível ontem com helicópteros militares e o Talebã. Venho tendo estes sonhos desde o início da operação militar em Swat. Minha mãe fez café da manhã para mim e me levou à escola. Estava com medo de ir à escola, porque o Talebã havia dado uma ordem banindo as meninas da escola…

    No caminho da escola para casa, ouvi um homem dizendo “vou matar você”. Apertei o passo e, depois de algum tempo, olhei para trás para ver se ele ainda estava atrás de mim. Mas, para meu total alívio, ele estava falando ao celular e devia estar ameaçando outra pessoa pelo telefone.

     Quinta-feira, 15 de janeiro

    Hoje é… o último dia antes da ordem do Talebã passar a valer, e minha amiga estava discutindo o dever de casa como se nada além do ordinário estivesse acontecido.

    Hoje, também li o diário escrito para a BBC, que foi publicado em um jornal. Minha mãe gostou do meu pseudônimo* “Gul Makai” e disse ao meu pai: “Por que não mudar o nome dela para Gul Makai?”. Também gostei do nome, porque o meu nome real significa “acometida pelo pesar”.

    Pseudônimo: um nome fictício usado por um indivíduo como alternativa ao seu nome real. Normalmente é um nome inventado por um escritor, um poeta ou um jornalista que não queira ou não possa assinar suas próprias obras.

    Alguns dos meus amigos foram embora

     Domingo, 18 de janeiro

    Meu pai disse que nosso governo protegeria nossas escolas. O primeiro-ministro também falou deste assunto. Fiquei feliz inicialmente, mas agora sei que isso não resolverá nosso problema. Aqui no Swat, nós ouvimos todos os dias que muitos soldados foram mortos e que muitas pessoas foram sequestradas em tal e tal lugar. Mas não há nem sinal da Polícia.

     Quinta-feira, 22 de janeiro

    Alguns dos meus amigos deixaram o Swat porque a situação aqui é muito perigosa. Não saio de casa. De noite, Maulana Shah Sauran (o membro do Talebã que anunciou o banimento de meninas nas escolas) voltou a alertar para que mulheres não saiam de casa. Ele também disse que o Talebã não atacaria as escolas que as forças de segurança usam como bases.

     Dúzias de escolas foram destruídas

     Domingo, 25 de janeiro

    Parece que o Exército só pensa em proteger as escolas quando dúzias são destruídas e centenas mais são fechadas. Se eles tivessem conduzido suas operações adequadamente, não estaríamos nesta situação.

     Quarta-feira, 28 de janeiro

    Estamos ficando com o pai de uma amiga em Islamabad. É minha primeira visita à cidade. Ela é bonita, com belos bangalôs e estradas largas. Mas, em comparação com minha cidade no Swat, falta beleza natural…

     Fico triste ao olhar meu uniforme

     Domingo, 8 de fevereiro

    Fico triste ao olhar para o meu uniforme, minha mochila e minha caixa de apetrechos para as aulas de geometria. As escolas para meninos reabrirão amanhã. Mas o Talebã baniu as meninas das escolas.

    1.) Faça um desenho que represente o sonho ruim de Malala: “Tive um sonho terrível ontem com helicópteros militares e o Talebã.”

     2.) Por que foi necessário Malala usar um pseudônimo? Se você precisasse usar um, qual seria? Por quê?

    3.) No dia 18 de janeiro, Malala comenta que não acredita que o governo vai resolver o problema de segurança nas escolas. Por que ela pensa assim?

    4.) Faça um resumo em forma de lista que demonstre os fatos que antecederam o tiro que atingiu Malala. Se necessário, consulte o livro.

    5.) Peça para um amigo ler o seu resumo. Ele irá usar o espaço abaixo para avaliar de acordo com os critérios elaborados em sala.

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