Quando leio, além de apreciar a história, eu tento também buscar a voz do autor. Isso, a princípio, parece ser algo difícil de mensurar, mas com o passar do tempo e com mais leituras de um mesmo autor, meus olhos ficam mais apurados para reconhecer a identidade do autor através dos seus parágrafos ficcionais. Então, por mais que eu esteja fazendo a leitura de uma história irreal eu procuro buscar a realidade que levou o escritor a juntar aquelas palavras e formar cada frase e – sempre – ali mora a história de uma vida, de uma sociedade, de um mundo particular que é melhor e maior que a ficção. E é isso que me impulsiona a ler mais: quero encontrar a literatura pela arte, pela provocação, pela descoberta de vozes que tentaram mudar o mundo.

    A voz do autor e Virginia Woolf

    E isso acontece quando leio Virginia Woolf: a cada livro novo de sua ficção eu vou descobrindo mais a voz dela inserida em cada linha, em cada parágrafo, em cada capítulo sendo narrado em primeira ou terceira pessoa. É lindo, é um mergulho maior e mais profundo na escrita literária. E hoje me vejo uma leitora muito melhor do que sempre fui. Graças à ela, Virginia – tão sábia, tão perfeita. Porque, a cada término de frase, além de mais um passo à compreensão da história contada, também dou um passo para o reconhecimento do autor, como se ele fosse um grande espaço rodeado de dinamites, é preciso saber onde pisar: para não morrer; para não matar.

    a voz do autor
    A autora quando jovem

    E assim, quando há a busca da voz do autor, é o momento exato para ler sua biografia e poder analisar os mitos e verdades da pessoa (o objeto de estudo). A biografia deve ser vista como uma conversa de amigos contando sobre outro alguém. E quando esse alguém não é ninguém a conversa torna-se sem graça, superficial.

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    3 Comentários

    1. Eu também sou assim, sempre que começo a ler um livro tento saber mais da vida do autor para entender mais a forma de pensar dele, acho que todo mundo que curte mesmo a literatura faz isso, assim a leitura se torna mais completa.

    2. Adorei esse texto, Francine, quanta sensibilidade, hum? Gosto de toda essa arte, desse prazer. Pelas fotos e comentários o último clube do livro deve ter sido maravilhoso. (Ah, adoro gente apaixonada mesmo.)

      Um beijo.

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