Nesta semana a revista Livro&Café está se dedicando aos livros infantis, pois o Dia Das Crianças está aí e acreditamos muito no quanto é importante os livros estarem presentes na vida de crianças e adolescentes, pois assim podemos construir um futuro melhor, mais esperançoso, amoroso e, principalmente, questionador. Livros, mesmo com suas infinidades de temas, podem realizar a difícil tarefa de transformar. E sempre é para melhor.

    Meus primeiros livros, minhas primeiras histórias

    Na minha infância eu não era uma super leitora, tampouco fã de gibis da turma da Mônica, ou algo do gênero. O que me lembro é ter uma coleção – já antiga na época – de contos de fadas. Eram grandes livros, velhos, capa dura, um azul, outro vermelho, outro amarelo. E em cada um deles havia também um disco, que narrava as histórias contidas nos livros. Eu gostava de ouvir o disco e ler junto com o narrador, imitando a voz dele.

    “O cachorrinho samba na fazenda?”

    Outra lembrança boa que tenho é com o livro “O Cachorrinho Samba na Fazenda”, que foi indicado pela escola e que me deu muito trabalho para ler (pode ser daí que tenha surgido minha preferência por livros considerados difíceis). Pois, na minha cabeça de criança, o cachorrinho iria dançar um samba na fazenda. E quando o livro chegou ao final e o tal cachorro não dançou nenhuma música eu fiquei muito decepcionada, porém eu quis ler o livro de novo, e de novo, e de novo, até entender realmente o que havia acontecido na história que fez o cachorro não sambar. Desisti, mas mantive o livro por perto até perceber o que havia de errado e aquilo, para mim, se transformou numa grande descoberta. A minha professora, quando leu o título do livro na sala de aula, fez uma pausa entre as palavras “cachorrinho” e “samba”, que me fez entender o título assim: “O cachorrinho: samba na fazenda”. Eu ri naquela época, como rio até hoje quando me lembro dessa história. O mistério fica por conta do motivo que me fez não desistir do livro, pois quando eu realmente compreendi que o nome do cachorro era Samba, e que ele foi apenas passear na fazenda, eu quis ler todos os livros do mundo, mas eu não tinha fácil acesso a eles naquela época… mas continuo fiel nesta luta até hoje!

    Para os alpes…

    Depois do cachorrinho Samba, um outro livro importante para a minha formação como leitora foi “Heidi”, que conta a história de uma menina órfã que vai viver com o seu avô nas montanhas geladas de algum lugar que não me lembro mais. É um lindo livro e também tive extrema dificuldade para ler – ele não devia ser indicado para a minha idade, pois eu o achava grande demais, com letras miúdas, mas aprendi a traçar metas com este livro. Eu dizia para mim mesma que era preciso ler até chegar na próxima figura do livro. Li, voltei páginas, reli, comecei tudo de novo, li mais uma vez, até novamente entender a história Desta vez sem trocadilhos com o título, mas compreendendo o quando era bom virar a página e descobrir um mundo totalmente diferente do meu.

    Acredito que depois de Heidi não houve um outro livro que me marcasse tanto. Talvez Heidi e o cachorrinho Samba fiquem guardados na minha memória porque o jeito que eu olhei para eles é o mesmo jeito que olho até hoje, pois eu sempre questiono o título dos livros antes de começar a ler, talvez por medo de me enganar com o título… e quando amo muito um livro leio de novo, e de novo, e de novo…

    Um livro nunca é chato, nunca é ruim, livros sempre são uma porta de possibilidades, para mim, é como se aquele primeiro livro que li na vida, tivesse me trazido para aqui, e agora.

    Dê livros no Dia Das Crianças!

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