Rachel Vinrace é uma personagem leitora do livro A Viagem, escrito por Virginia Woolf. Na história, ela é uma jovem garota que viaja de navio rumo à América do Sul. A viagem traz a ela muitas experiências importantes para a vida e também a paixão. Durante toda a história, os livros fazem parte da rotina da personagem, que divide sua vida social com os livros e também a música.

    É inspirador para o leitor que está encarando um livro com mais de 500 páginas ter uma personagem leitora. Além dos belos momentos de leitura em alto mar, é possível também uma proximidade maior à personagem, que compartilha da própria paixão com o leitor.

    Os momentos de leitura

    Abaixo uma seleção dos belos momentos de leitura de Rachel Vinrace, uma personagem leitora:

    “Ela ergueu os olhos e ficou especulando. De quem seriam as botas, imaginava. Então notou um som farfalhante na parta ao lado – nitidamente uma mulher guardando o vestido – , que foi sucedido por um rumor de leves batidas, como o de alguém arrumando o cabelo. Era muito difícil fixar-se no “Prelúdio”. Seria Susan Warrington fazendo aqueles movimentos? Mas ela se forçou a ler até o fim do livro, quando colocou o marcador entre as páginas, suspirou satisfeita, e depois apagou a luz.” (p. 164)


    “Alguns dias depois da visão do hotel à noite, ela estava sentada sozinha, mergulhada numa poltrona, lendo um volume vermelho de capa colorida, tendo na lombada Obras de Henrik Ibsen. Havia partituras abertas no piano e livros de música empilhados em dois montes no chão; mas no momento ela abandonara a música.” (p. 191)


    “Longe de parecer entediada ou distraída, seus olhos concentrava-se quase severamente na página; pela sua respiração lenta mas contida, podia-se ver que todo o seu corpo estava tenso pelo trabalho mental. Finalmente ela fechou o livro num gesto brusco, deitou-se para trás, respirou fundo, expressando o assombro que sempre marca a transição do mundo imaginário para o mundo real” (p.192)


    “Quando Rachel se cansava da rigidez de sua pose no encosto da cadeira, virava-se deslizava confortavelmente até o fundo dela  olhava acima dos móveis pela janela oposta que se abria para o jardim. (Sua mente vagava afastando-se de Nora, mas continuava pensando em coisas que o livro sugeria: as mulheres e a vida). (p. 192)


    “Rachel lia o que desejava, com a curiosa literalidade de alguém para quem frases escritas são pouco familiares, lidando com as palavras como se fossem feitas de madeira, de grande importância isoladamente, possuindo formas, como mesas ou cadeiras. Assim ela tirava conclusões que tinham de ser remodeladas dependendo das aventuras do dia, e na verdade eram remodeladas com toda a liberdade que se pudesse desejar, deixando sempre atrás de si um grãozinho de crença” (p. 193)


    “A manhã estava quente, e o exercício de ler deixara sua mente contraindo-se e expandindo-se como a mola principal de um relógio.” (p 194)


    “Estava tão excitada com as possibilidades de conhecimento que agora e abriam diante dela, que deixou de ler; e uma brisa virando a página fez a capa do Gibbon farfalhar docemente, fechando-se.” (p. 263)


    “Ela não podia raciocinar sobre eles como sobre as pessoas cujas emoções seguiam as mesmas regras que as dela, e sua mente detinha sobre eles com uma espécie de prazer físico, como o que é causado pela contemplação de coisas brilhantes penduradas ao sol. Delas aparecida irradiar-se toda a vida; as palavras dos livros estavam envoltas em brilho.” (p. 263)


    “Hipnotizada pelas asas da borboleta, e aterrorizada pela descoberta de uma terrível possibilidade na vida, ela ficou sentada mais algum tempo. Quando a borboleta voou, afastando-se, ela se ergueu, e com seus dois livros debaixo do braço voltou para casa novamente, como um soldado para uma batalha.” (p. 264)


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