Eu li em algum lugar que a vida é feita de tumultos. Daqueles que estão na nossa cabeça. Os pensamentos desconexos é que constróem quem nós somos, porque, mesmo confusos, pode acontecer – e acontece mesmo, alguma epifania, algum momento sublime.

    Vi o vídeo do filósofo francês Gilles Deleuze, sobre o que seria o verdadeiro charme das pessoas. Segundo ele, o charme está nos momentos de loucura, na insensatez. Por isso, então, me lembrei dessa frase que li, sobre os tumultos. Eu gostaria de lembrar em qual livro li. Talvez em Clarice Lispector ou Virginia Woolf, que são as maiores probabilidades do meu universo (pequeno) literário. Mas também pode ser outra escritora ou escritor.

    Porém, importante mesmo é levar comigo mais essa pequena referência, que posso usar – ou não, na posterioridade. Acredito nisso, às vezes, não precisamos conhecer tudo de um autor, ou filósofo, ou qualquer tipo de arte, para conseguir absorver, mesmo que um pouquinho, e fazer disso uma grande coisa. Agora estou assim: sei que a vida é um tumulto de sensações, sentimentos, incertezas e impulsos. E que nisso mora o tal charme, o tal mistério. Mas sei também que isso não é um critério para todo mundo, talvez o meu, porque só tenha se tornado um critério agora que juntei essas duas coisas.

    Enquanto tomo a quarta xícara de café, lá fora as nuvens cinzas cobrem o céu com cara de outuno. Ao meu lado, três livros: Noite e Dia (Virginia Woolf), Para ser escritor (Charles Kiefer) e A guerra não tem rosto de mulher (Svetlana Aleksiévitch).

    Ah! Eu acho que essa coisa do tumulto é de alguma poesia que li.

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