Não é novidade que a literatura ainda pode ser elitizada. O acesso ao livro por si só já pode colocar o leitor em um estado de saber superior aos outros e isso é muito perigoso. Assim, a literatura pode ajudar os arrogantes.

    Gosto muito daquele frase sobre o quanto mais a gente sabe/lê, menos realmente conhece sobre o mundo. Só sei que nada sei. É isso que deveria rondar mais o universo da literatura. Hoje, lendo comentários em um grupo de Facebook, me incomodou muito essa categorização besta sobre quem sabe ou não falar sobre livros, de forma a menosprezar se tal pessoa não constrói sua paixão sobre os livros de acordo com um gosto tão pessoal.

    Construir uma ideia da literatura com referências históricas, sociais etc é um caminho. Analisar obras a partir de uma análise mais estética do próprio texto, também pode ser um caminho. Apenas informar sobre o seu gosto pessoal, sobre a identifação com os personagens, também é um caminho. E há tantos outros caminhos.

    Menosprezar a escolha do outro para, por fim, definir se o outro é merecedor de sua atenção é um caminho perigoso e grosseiro com o próprio universo literário que precisa de união e não essa separação por níveis de intelectualidade. Nojento é pouco.

    Dá uma certa preguiça essa associação de que o leitor pode ser alguém superior.

    Como que se resolve isso eu não sei.

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    3 Comentários

    1. Concordo muito! Já fui uma intelectual arrogante que torcia o nariz pra tudo que não estivesse classificado como “Clássicos da Literatura”. Lembra quando você me convenceu a ler Anne Rice? Simplesmente adorei e fiquei me perguntando quantas boas leituras perdi por preconceito. Não abandonei os Clássicos mas, hoje, avalio um livro pelas mensagens que ele me passa, as emoções que sua leitura provoca…e ganhei muito, um mundo novo se abriu pra mim! ❤

    2. Como diz Virginia Woolf, é “o nosso gosto, o nervo sensorial… é pelo sentir que aprendemos” 🙂

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