O que é ser mulher? Se eu já fiz essa pergunta a mim mesma, eu estou no caminho do meu próprio empoderamento. Afinal, eu posso falar, ouvir, ler sobre o assunto, mas como consigo me empoderar é um caminho só meu, exclusivo, único, não melhor ou pior que outros caminhos, apenas O MEU CAMINHO.

    Sou feita de fios. Bagunçados, alguns coloridos, outros sem cor. Sou feita daqueles que consigo segurar do início ao fim, mas também daqueles que ainda estão presos em nós. Nos meus nós que também dizem quem eu sou. Quando olhei no espelho pela primeira vez e me vi mulher? Não sei, mas esse dia existiu e devo toda a minha vida a isso, porque, se faço esse exercício de me reconhecer no espelho, estou me empoderando. Estou me tornando mulher. É isso que Simone de Beauvoir nos diz: não se nasce mulher, torna-se.
    E tornar-se é agir. E assim, o empoderamento está nas ações das mulheres. Todas as ações. De todas as mulheres.

    Aqui em Sorocaba, acontece todo mês o Leia Mulheres, um Clube do Livro com o objetivo de ler apenas escritoras, pois sabemos o quanto o mercado editorial não dá o mesmo espaço para homens e mulheres. E ontem, no encontro, conversamos sobre o livro “A cidade solitária”, da escritora Olivia Laing, que fez uma pesquisa sobre a solidão de alguns artistas, a partir da sua própria experiência pessoal.

    Durante a conversa, sempre tão rica e empoderada, percebi que a solidão precisa ser encarada de uma outra forma, que ela não é ruim, se conseguirmos estabelecer uma conexão íntima com nós mesmas e depois transformar essa solidão em algo especial.
    É isso o empoderamento. Por séculos e séculos as mulheres foram silenciadas e aprenderam a ouvir suas vozes internas. Agora, estamos conseguindo expor os silêncios, transformando-os em ações de todos os tipos.

    Então, quando falamos sobre empoderamento, estamos falando sobre as ações e as vozes de todas as mulheres que, a princípio navegaram na solidão e produziram um pensamento. Já dizia a escritora inglesa Virginia Woolf, “Não há portões, nem fechaduras, nem cadeados com os quais conseguirão trancar a liberdade do meu pensamento”.


    Crônica lida no programa “Sunset”, da Rádio Ipanema, Sorocaba – SP, julho de 2018.

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