Aquela necessidade de registrar alguns pensamento sobre literatura, propaganda e política. Talvez eu não consiga encaixar essas três ideias em algo que faça sentido em palavras, mas, aqui dentro tudo está fazendo muito sentido, pelo menos em alguns momentos. Sendo assim, é melhor fazer um registro em tópicos:

    • Estou muito angustiada com os rumos políticos deste Brasil.
    • Está cada vez mais difícil organizar o dia para ler um pouquinho e, quando chego em casa, são tantas as notícias ruins e mais o cansaço do trabalho que, no máximo, consigo ver uma série. Rita é muito bom!
    • Aflora por todos os lados os clubes de livros. Aqueles que você assina – e paga um valor alto – para ter mensalmente, uma “experiência” literária. O livro-surpresa vai chegar na sua casa, com alguns mimos – papeis em cortes bonitos, cores bonitos e usabilidade duvidosa. E você fica feliz. Se vai ler o livro e, assim, REALMENTE ter uma experiência literária não dá para saber. Mas há uma felicidade no pertencimento e os leitores também contribuem para essa ação.
    • Eu vi um vídeo na Marilena Chauí sobre o quanto não conseguimos sair desse clico que fere tanto. Mesmo ideias incríveis, no final, passam a ser um simples produto, que as pessoas vão comprar porque querem pertencer, querem tirar foto e postar no Instagram.
    • Fizeram isso com o feminismo, que agora é um produto. Semana passada comprei uma camiseta feminista na Renner.
    • E fazem isso com os livros. o livro deixa de ser a arte. O leitor deixa de ir em busca da arte e vai em busca do objeto – no clube de assinatura de livros; no canal do YouTube que ele assiste ou faz, na foto. Acho que ainda – que se salva – é a resenha, a crítica feita com texto – as palavras, que mesmo tão diferentes ainda se aproximam do que constitui o livro.
    • “Todos nós somos ladrões; todos cruéis; todos caímos numa torrente que passa a fluir indiferentemente por ela.” (Virginia Woolf, no conto Condolência)
    • A foto da Hilda (minha gata) é para trazer um pouco de leveza para este post, apesar de sua cara pensativa, como se me entendesse.
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    2 Comentários

    1. Você não tá sozinha nesse sentimento angustiante, Fran. O capitalismo é um Midas que transforma em mercadoria tudo que toca, mas ao contrário da lenda, essa aberração não mostra sinais de enfraquecimento. Esse Midas se alimenta de mercadorias tranquilamente e parece se fortalecer.
      Por vezes escrever sobre literatura para mim parece muito pouco, sou atormentada por uma sensação de impotência, sabe? Ao mesmo tempo, sei que é o que posso fazer agora, nas condições que eu tenho. Isso é resistir.
      Precisamos ser resistência e ter resiliência. Esse desgaste da democracia é um movimento amplo, na política mundial, não se restringe ao Brasil. Essa coisificação, essa conversão de tudo que é possível em mercadoria é um dos resultados desse movimento.
      Sigamos resistindo e lembrando que temos umas às outras.

    2. Francine Ramos on

      Oi, Mari!
      Sim, concordo com tudo que você escreveu, mas ando numa fase muito cansada, com aquela sensação terrível de nadar e morrer na praia, entretanto, ainda continuo nadando rs
      <3

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