A ideia desta série de artigos surgiu pela curiosidade em saber quais livros Virginia Woolf leu e, o mais importante, o que ela achou dessas leituras. É claro que nem tudo o que ela leu, ficou registrado, mas em seus diários e diversos artigos publicados podemos conhecer muita coisa interessante sobre ela e sobre outros escritores. Então, aqui está um pouco sobre A Leitora Virginia Woolf.

    [Janeiro de 1915]
    5 livros lidos, 1 presente, 1 indecisão

    Em 1915 Virginia Woolf morava em Richmond, num quarto alugado, com Leonard Woolf, o marido dela. No último dia do mês, ela comenta sobre o quanto discutiu – por uma manhã toda – com ele. O motivo, como ela mesma registra é o mau-humor. “Quem começou? Quem continuou? Eu sei lá. O que posso dizer é isto: eu fervo em pouca água, e o L. fervilha. Em todo caso, fizemos as pazes de repente (mas a manhã ficou desperdiçada).”

    Em janeiro do mesmo ano, ela leu o livro “The Wise Virgins”, escrito pelo seu marido. Fez alguns bons elogios, mas também é implacável:

    “Em minha opinião é um livro notável; muito mau numas partes; excelente noutras. Um livro para escritores, acho eu, porque só talvez um escritor poderá perceber porque é que as partes boas são realmente tão boas, e porque é que as partes más não são muito más.”

    Ela também leu: “Guy Mannering”, um romance de Sir Walter Scott (1771-1832), escritor conhecido como o criado do romance histórico; uma biografia de Fanny Kemble (1809-1893), atriz e escritora britânica; “Histoire de France”, escrito por Jules Michelet (1798-1874); e “O idiota” de Dostoiewsky (1821 – 1881). Esses dois últimos, eram livros que ela pediu emprestado a Clive Bell (1881-1964), marido de sua irmã Vanessa.

     “Bom, estou a ler O Idiota. Muitas vezes não consigo suportar o estilo; ao mesmo tempo parece-me haver nele o mesmo tipo de vitalidade que há em Scott; só que Scott apenas faz esplêndidas pessoas vulgares, e D. cria prodígios, com inteligências muito subtis e sofrimentos terríveis. Talvez a semelhança com Scott se deva em parte ao estilo livre e despreocupado da tradução. Também estou a ler Michelet, arrastando-me pela monótona Idade Média; e a vida de Fanny Kemble” (p. 41 e 42)

    Artisticamente foi um mês produtivo pois Virginia estava trabalhando em textos que depois se tornariam partes do romance “Noite e Dia”, passando diversas manhãs concentrada em seu trabalho.

    Indecisões sobre ir a uma festa e que roupa vestir, também fazem parte do início do ano de 1915 pra ela:

    “Por um lado, fujo a ter de me vestir e à viagem; por outro lado, sei que havia de ficar embriagada à primeira cintilação de luz na entrada e burburinho de vozes, e decidir que nada na vida se compara a uma festa. Havia de ver gente linda e de ter a sensação de estar na crista mais alta da maior onda – de estar mesmo no centro de tudo o que está a acontecer.” (p. 35)

    E, claro, ela também teve indecisões literárias: não sabia se lia “Rob Roy”, romance de Sir. Walter Scott, por outro lado fico muito feliz quando ganhou, de presente de aniversário, um outro romance do escritor, o “The Abbott”.

    Virginia Woolf, conhecida por amar a cidade de Londres, estava gostando de morar em Richmond: “Pensei como eu sou feliz, sem essa vida agitada que em tempos me pareceu trazer a felicidade” (p. 38). Além dos livros, o trabalho como escritora fluía bem. E ela tinha um cachorro chamado Max, que sempre levava para passear.

    Para conhecer mais a fundo a leitura Virginia Woolf, compre os livros citados na Amazon

    • The Wise Virgins (Leonard Woolf):  Amazon
    • Guy Mannering, Rob Roy e The Abbott (Sir Walter Scott): Amazon
    • Fanny Kemble (autobiografia): Amazon
    • Histoire de France (Jules Michelet): Amazon
    • O idiota (Dostoievsky): Amazon

    Referência: Virginia Woolf – Diário I. Primeiro Volume 1915-1926. Bertrand Editora. Portugal. Tradução de Maria José Jorge

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