Sim, sim. É difícil afirmar isso, mas eu tive um ano inteiro de ressaca literária. Mesmo que algumas leituras bem legais tenham feito parte desse louco, estranho e curioso 2017. Digo isso porque há tempos eu não sinto aquela emoção mágica quando começo a ler um livro, mesmo quando estou lendo livros realmente incríveis. Como comentei da Elena Ferrante e a minha mais recente paixãozinha literária chamada Conceição Evaristo. Os dois livros – tão diferentes um do outro – mas que abordam o universo de mulheres mexem realmente com o meu coração e eu fico muito feliz de poder ter acesso a esse mundo tão real e honesto.

    Mas cadê aquele livro capaz de me fazer perder o fôlego? Tenho a sensação que tudo que senti nas leituras feitas neste ano, são coisas que já senti com outras leituras. Eu quero novidade e fico morrendo de medo de pegar um livro – considerado muito bom – e me decepcionar. Lá vou eu de novo achar legal a figura do anti-herói (ou anti-heroína). Lá vou eu de novo encarar um livro de final surpreendente e um pouco inexplicável e considerar isso genial.

    É sério. Estou com medo de não ser mais a louca dos livros e me tornar a louca que acha defeito em todos os livros.

    Ontem terminei de assistir a série Alias Grace e fiquei impressionada mesmo com a construção da história e a personagem principal. A ideia central é tão simples: uma mulher que ninguém sabe se cometeu mesmo um crime. Porém, ficou tão incrível a forma como a história foi abordada, a partir da criminosa (ou não) contando a sua vida para um suposto psicólogo. O final, causou aquilo que gosto: estranhamento, confusão, tragédia. E eu estou com muita vontade de ler o livro. Sim, essa história é mais uma da maravilhosa Margaret Atwood, a mesma que escreveu O conto da Aia (e a série tá incrível também).

    Estou parecendo a Virginia Woolf, em sua carta de suicídio. Um texto sem critério, sem começo, sem um fim descente. Como vês, nem isto consigo escrever como deve ser. “

    Não se preocupe porque não tenho tendências suicidas.

    Por enquanto é isso. Um desabafo literário que se transforma em uma dica literária. Apesar de mim, acredite: leia Margaret Atwood e assista as séries sobre os livros dela.

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