A nossa relação com o trabalho está sendo revista mais do que nunca. Temos um governo que realiza ações de acordo com o desejo dos grandes, dos donos, dos bilionários. Um governo que pede “consultoria” para apresentadoras (milionárias) da televisão, para os bancos (que sempre estão no lucro), para as igrejas (que não pagam impostos) etc e etc. E a reforma da previdência que prejudica APENAS o trabalhador. E os índices de desemprego que sobem cada vez mais. E o silêncio das panelas (da classe média que pensa ser rica), da rede Globo e afins.

Há muito mais para lista, mas temo que minha tristeza invada demais o meu próprio universo e eu não suporte, por isso, paro por aqui. Entretanto, hoje, dia primeiro de maio, dia do trabalhador, lembrei-me de um pequeno trecho do livro Entre os Atos, de Virginia Woolf, na qual há uma importante e urgente reflexão sobre o trabalho.

O trabalho nos separa. Dispersos, desfeitos, reunidos depois pelo som da sineta. Trim, trim, trim, toca o telefone. ‘Sim, o que deseja?’ E respondemos às ordens infernais, seculares, eternas, enviadas do alto. Obedecemos. Trabalhando servindo, empurrando, puxando, ganhando nossos salários…para gastarmos aqui? Oh, deus, não! Para gastarmos agora? De modo algum. Para gastarmos quando os ouvidos estiverem surdos e o coração ressequido.

Virginia Woolf, Entre os Atos, tradução de Lya Luft, p.117. Novo Século

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1 comentário

  1. Helenice Alexandrino on

    Não conhecia esse livro. Já peguei emprestado no Kindle unlimited.
    Excelente reflexão e necessária.

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