Emily Brontë foi um escritora inglesa e escreveu utilizando um pseudônimo masculino, Ellis Bell. Além de ter escrito o famoso “O morro dos ventos uivantes”, considerado um dos grandes clássicos da literatura inglesa, a autora nos deixou também muitas poesias. Confira abaixo uma seleção das melhores poesias de Emily Brontë:

    1. Já não é mais tempo (Emily Brontë)

    Já não é mais tempo para te chamar ainda,
    Não quero mais embalar este sonho.
    Assim o raio de alegria não durou senão um momento
    E a dor infalível logo voltou impetuosa.

    E depois a bruma já se levantou a meio;
    A rocha estéril exibe o seu flanco nu,
    Onde o sol e os primeiros olhares da aurora
    Acabaram por adorar suas imagens nascentes.

    Mas na memória fiel da minha alma,
    Tua sombra amada será eternamente emocionante,
    E Deus será o único a reconhecer sempre
    O asilo abençoado que abrigou minha infância.

    2. O vento da noite

    À meia-noite de verão, mole como um fruto maduro,
    A lua sem véus lançou a sua luz
    Pela janela aberta do parlatório,
    Através dos rosais onde o orvalho chovia.

    Sentada e perseguindo o meu sonho de silêncio,
    A doce mão do vento brincava em meus cabelos
    E sua voz me contava as maravilhas do céu.
    E a terra era loura e bela de sono.

    Eu não tinha necessidade do seu hálito
    Para me elevar a tais pensamentos,
    Mas um outro suspiro em voz baixa me disse
    Que os negros bosques são povoados pelas trevas.

    A folha pesada, nas águas da minha canção,
    Escorre e rumoreja como um sonho de seda;
    E, ligeira, sua voz miriápode caminha,
    Dir-se-ia levada por uma alma fagueira.

    E eu lhe dizia: “Vai-te, doce encantador.
    Tua amável canção me enaltece e me acaricia,
    Mas não creio que a melodia desta voz
    Possa jamais atingir o meu espírito.

    Vai encontrar as flores, as tuas companheiras,
    Os perfumes, a árvore tenra e os galhos débeis;
    Deixa meu coração mortal com suas penas humanas,
    Permite-lhe escorrer seguindo o próprio curso.”

    Mas ele, o Vagabundo, não me queria ouvir,
    E fazia seus beijos ainda mais ternos,
    Mais ternos ainda os seus suspiros: “Oh, vem,
    Saberei conquistar-te apesar de ti mesma!

    Dize-me, não sou o teu amigo de infância?
    Não te concedi sempre o meu amor?
    E tu o inutilizavas com a noite solene,
    Cujo morno silêncio desperta minha canção.

    E quando o teu coração achar enfim repouso,
    Enterrado na igreja sob a lousa profunda,
    Então terei tempo para gemer à vontade,
    E te deixarei todas as horas para ficar sozinha…”

    Está gostando das melhores poesias de Emily Brontë? Conheça: 8 frases impactantes do livro “O morro dos ventos uivantes”

    3. Últimas palavras (Emily Brontë)

    Eu não podia saber como é duro e cruel
    Pronunciar a palavra Adeus;
    Hoje no entanto volto como suplicante,
    Para juntar às orações do coração a voz dos lábios.

    A colina deserta e o inverno matinal,
    Bem como a árvore de séculos nodosos,
    Podem despertar o desprezo da tua alma:
    Acharei para eles um desdém semelhante.

    Tenho o direito de esquecer teus olhos negros,
    Suas sombras,
    E o encanto fascinante de teus lábios pérfidos.
    Não renegaste as promessas sagradas
    Que outrora formularam os teus lábios de fé?

    Se basta ordenar para forçar o teu amor,
    Se ele se deixar deter pela razão das paredes,
    Não saberei obrigar uma alma a se afligir
    Com semelhantes traições e friezas desta espécie.

    Pois sei que existe mais de um coração
    Que, ligando-se ao meu,
    Por uma longa prova assegurou este laço.
    E sei de um olhar cujo brilho passageiro
    Durante muito tempo dividiu comigo o seu calor bendito.

    Estes olhos serão para mim o Tempo e a Luz.
    Minha alma com seu auxílio enfim se evadirá,
    Eles expulsarão de mim os sonhos insensatos,
    E as sombrias litanias onde a memória se aconchega.

    4. Minha alma não tem coisa alguma

    Minha alma já não teme coisa alguma,
    E a escura tempestade em que sem descanso o mundo
    Gira,
    Não mais a abalará:
    Já vejo a glória dos Céus extasiantes,
    E a fé que resplandece no fogo de sua armadura
    Aniquila o medo no meu ser.
    Ó Deus que eu trago dentro em mim,
    Deus todo-poderoso, Presença universal!
    És a Vida – em meu seio Tu repousas,
    E minha eternidade encontra em Ti o seu poder!
    Vejo a vaidade nas suas múltiplas nuances,
    Onde o homem alimenta a força do seu coração:
    E vejo esta vaidade e a sua impotência
    Fanadas e mortas como a erva dos campos,
    Como a espuma louca das vagas no oceano,
    Tentando inutilmente reanimar a dúvida,
    Quando a alma já está sã e salva,
    Aprisionada para sempre a Teu Ser infinito,
    Através de uma certeira âncora
    Lançada ao rochedo imutável da vida eterna!
    Teu sopro, com amor, abraça os espaços
    E penetra com sua vida os séculos eternos,
    Espalha-se como um rio e cobre o nosso mundo,
    Mudando ou preservando as coisas,
    Dispersando-as, criando-as, trazendo-as à vida.
    E se viesse o fim deste mundo e o fim dos homens,
    O fim dos universos, a ruína dos sóis,
    Se apenas Tu ficasses,
    Serias ao mesmo tempo todas as existências.
    A Morte se esforça em vão para achar um espaço,
    Mas seu poder não pode aniquilar um átomo sequer.
    Tu és o Ser e o Sopro,
    Nada poderia abolir as Tuas formas.

    5. O Lago Morto (Emily Brontë)

    O lago morto, o céu cinzento ao luar;
    Pálida, lutando, coberta pelas nuvens,
    A lua;
    O murmúrio obstinado que cochicha e passa
    (Dir-se-ia que tem medo de falar em alta voz).

    Tão tristes agora,
    Recaem sobre meu coração,
    Onde a alegria morre como um rio deserto.
    Minhas pobres alegrias…
    Não as toqueis,
    Floridas e sorridentes.

    Lentamente, a raiz acaba de morrer.

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