O que o romance do final do século XIX e início do século XX nos ensina?

    Já tentei diversas vezes responder com clareza a minha predileção pela obra de Virginia Woolf, procuro responder de um jeito descontraído, aquele que combina numa mesa de bar, primeiro porque eu me sinto mais confortável assim e, segundo, por que não me sinto à vontade para tratar Virginia Woolf de uma forma técnica, objetiva, aplicando todas as teorias literárias possíveis. Deixo isso para os críticos literários e também adoro esse meu estado de amor passional por ela, inclusive isso foi um dos motivos que me levou a mudar o tema de minha monografia na faculdade. De Virginia Woof, mudei para blogs literários.

    Mas voltando a Virginia Woolf, consultando o livro Teoria da Literatura de Vítor Manuel de Aguiar e Silva, encontrei uma frase que explica um pouco o estilo woolfiano, que mostra, resumidamente, a sua profundidade, capaz de tirar e trazer de volta muitos sentidos e temas difíceis de lidar. Por isso, quero deixar essa frase registrada aqui, pois também serve para entender o romance do final do século XIX e início do século XX como um todo:

    O romance dos últimos anos do século XIX e das primeiras décadas do século XX herdou e desenvolveu esta lição dostoiewskiana. De Bourget e de Virginia Woolf a Hermann Broch, esse romance não apresenta apenas personagens complicadas, contraditórias, difíceis de aprender numa fórmula ou de explicar linearmente por um esquema de teor casualistas, não se limita tão-só a devassar as profundezas e os recessos da interioridade humana (o que, com técnicas diversas, já tinham realizado muitos romancistas anteriores): cria personagens como que descentradas, destituídas de coerência ética e psicológica, instáveis e indeterminadas.

    (p.707)

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