E de repente é inverno, há dois cobertores sobre minhas pernas e meus dedos das mãos estão gelados porque escrevo. Chega a ser poético imaginar que se eu continuar a escrever, o calor das palavras, a magia do texto, irá esquentar minhas mãos, tão frias.

    Nas últimas semanas tive um período de leitura intensa. Li Clarice Lispector, dois livros dela; em seguida teve O frágil toque dos mutilados, livro do Alex Sens; e depois Drummond. Os três escritores, tão diferentes entre si, de alguma maneira me tocaram de uma forma igual. A culpa é toda minha, claro, pois acredito mesmo que conforme o momento da vida do leitor é que se dá a compreensão (ou não) da leitura. Essa forma igual que digo é sobre o tal existencialismo, esses escritores adoram isso e eu também!

    Mas eu quero dizer que quando chega o inverno é preciso recolher os casacos mais pesados do canto do guarda-roupa e levá-los para o sol. É preciso também manter as mãos aquecidas e principalmente o coração.

    Se tudo está aquecido, tudo bem. Que o frio fique apenas lá fora na janela ou quando eu caminhar até a padaria e comprar pães quentinhos, para esquentar minhas mãos durante a volta.

    Ah! O inverno! Fico tão mais feliz com ele. De alguma forma é um momento de pensar mais em si mesmo, de viver um pouco mais no próprio casulo, admirar a vida lá fora, dar um tempo, relaxar, tomar um café e ler um bom livro…

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