A gente lê alguns livros durante a vida e esses livros, apenas alguns, ficam ecoando na nossa cabeça para sempre. A minha lista de livros que ecoam cresce consideravelmente e isso me deixa feliz. Mas nem sempre o eco reproduz felicidade. Na verdade, ser leitor é conseguir se colocar no lugar do outro. E esse outro, na literatura, é uma pessoa que está passando por algum tipo de mudança.

Tem alguns livros em que a personagem muda de espaço físico. Idas e vindas a diversos lugares fazem parte da história, mas há outro tipo de mudança, aquela que vem de dentro. Do coração, da alma, das dores, das perdas, dos ganhos, etc. Tudo isso o leitor sente. Tudo isso, quando o livro é muito bom, ecoa pra sempre.

O engraçado é que, às vezes, um momento da história acaba por ficar guardado no coração do leitor de uma forma muito diferente do livro em si. Um exemplo é quando li o meu primeiro livro sobre zumbis. Eu achei que iria odiar, porque, convenhamos, zumbis?

Porém, o que levo comigo é a lembrança do personagem que sobreviveu à noite em que os zumbis invadiram Paris. Ele fica tocado com a natureza, as árvores, as flores, o barulho dos pássaros, o silêncio do mundo. Nada perdeu a sua força, apenas a humanidade que está no fim.

Então, quando vejo alguma coisa ridícula que o ser humano fez, (são tantos os exemplos, infelizmente), eu lembro do livro A noite devorou o mundo, e me apego à natureza, que é a única que, por fim, mesmo com tudo de errado que a gente faz com ela, sobreviverá.

No livro, o personagem fala que para continuar vivo e não comenter nenhuma loucura, ele se apega à natureza e associa à sua própria alma. É um jeito bonito e possível de seguir em frente, de ter coragem.

Resgatar-se para a natureza. Talvez seja um bom caminho.

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2 Comentários

  1. Que boa reflexão! Eu sempre lembro dos livros do Nick Hornby quando o assunto é ser humano, não faz muito sentido, mas acontece comigo. escreva mais posts assim!
    bjos

  2. obrigada, Mariana!
    Vou escrever sim! 🙂
    Quero voltar a blogar como antigamente, com posts mais despretensiosos 🙂
    Bjos

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